Eu queria votar em Luciano Agra para prefeito de João Pessoa. Queria não, quero. Ele não morreu, apenas desistiu da reeleição, mas como não temos mais rei no Brasil, sua palavra pode retornar ao ponto de antigamente. Esse rapaz, que eu não conhecia, me ganhou. É um cara arretado. Mesmo sendo prefeito, continuou ostentando uma simplicidade cativante. Ele é diferente, normal, com jeito de gente que é da gente, um prefeito para ser reeleito. E eu quero votar nele.
Medo de que, Luciano? Quem pode melar teu guisado? Quem tem autoridade nessa campanha para atirar a primeira pedra?
Volte atrás, homem! Pedro Gondim, um dos maiores paraibanos do século, renunciou um dia para voltar nos braços do povo. Se Pedro fez isso, por que você não pode fazer também?
Almas sebosas a gente exorcisa. Se exorcismo não resolver, garanto a você que eu chamo um catimbozeiro de Princesa com poderes suficientes para mandar pras profundas do inferno esse pessoal que quer infernizar sua vida.
Basta convocar o Gago Assis Franco, os parentes de João Paulino, os herdeiros de Geraldo Dentista e os batedores de bombo da finada Joana Grossa. Vai ser tiro e queda. Não fica um pra remédio. E a gente só vai ter trabalho para arrumar a casa depois da festa.
João Pessoa ficou de luto assim que saiu a carta de Luciano. Escutei gente de todos os quadrantes e não ouvi um só comentário a favor da saída do prefeito dessa guerra. Todo mundo e a mulher de Seu Raimundo falavam uma mesma língua, um mesmo dialeto, um mesmo jeito de lamentar: Luciano não pode sair.
Certa vez revelei meu voto no prefeito. Agora repito: quero votar em Luciano Agra. E quem achar ruim que se lasque. Quero e vou votar. A não ser que ele, Luciano, se revele mais fraco do que caldo de batata e não recue dessa sua decisão burra de se afastar da briga.
Aí eu anulo e voto e acabou-se.
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