Aqui ao lado da minha casa, numa praça de skate, um bando de doidos grita ao som da guitarra elétrica. É um show patrocinado pela Prefeitura, rock em pleno período junino, coisa de maluco sem nada de beleza.
Se o prefeito Luciano Agra fosse candidato à reeleição, seria capaz de apostar que ele queria perder. Duvido que essa zorra agrade aos ouvidos dos moradores. Tem gente reclamando e reclamando muito. Eu mesmo não consigo me concentrar. A mulher fala comigo lá da sala e eu fico dizendo “anh?” porque não escuto nada. Ainda agora tocou o celular e não ouvi quem estava do outro lado. O rock não deixa.
Daqui da janela dá pra ver que os poucos skatistas da praça pouco ligam para os cantores. Continuam andando sobre as rodinhas de suas máquinas de madeira, enquanto os cabeludos se esgoelam, a guitarra malvada alcança os maiores decibéis e os tímpanos explodem. As pobres rolinhas que costumam dormir na praça não conseguem pregar os olhos. E tome rock.
Chamar a fiscalização da Prefeitura para adotar providências não posso. É a Prefeitura que patrocina a farra. Como ela poderia se fiscalizar, e mais ainda, se multar?
Ainda bem que o prefeito não está obrigado a ouvir esse show, eis que se prepara para outro concerto, bem mais ameno, mais gostoso e na moda. Vai a Campina com sua caravana de secretários e convidados especiais, entre os quais o meu amigo e irmão Vavá da Luz. Ao som dos 100 anos de Luiz Gonzaga, de Dominguinhos e do cantador Flavio José, dançará o miudinho, o repicado do baião e remeleixo do xote, correndo o risco ainda de arrumar uma primeira dama para dividir com ela as altas responsabilidades administrativas da edilidade.
Conosco fica o show dos doidos, das guitarras mal educadas e dos roqueiros gasguitos estourando as nossas oiças e assustando as criancinhas.