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TIÃO LUCENA EM : O Jogo de Bicho

Um general ministro interpelou o então governador João Agripino, no Recife, dizendo que a Paraíba era o único estado da federação que acoitava bicheiros e permitia o jogo do bicho. João ouviu e deu o troco: “É mentira”. E provou. Mandou um ordenança jogar cinco cruzeiros no macaco, o ordenança foi, voltou com o pule e João o esfregou na venta do meganha.

Naquela ocasião, Agripino explicou ao general que em todos os estados havia jogo de bicho, somente na Paraíba é que ele, o jogo, acontecia às claras. E sugeriu: “me arranje cinco mil empregos para os cambistas, que eu acabo de vez o jogo por lá”.

O general não arrumou, o jogo continuou e agora aparece um desembargador federal mandando fechar as casas lotéricas. Não vai dar em nada. No máximo dos máximos os bicheiros vão fazer escondido o que faziam de público. E o proibido, nesses casos, é até mais gostoso.

Num país que explora todo tipo de jogo safado como o Brasil, cheira a cômico uma decisão como a tomada pelo desembargador. Mas não devemos culpa-lo. Ele não sabe da nossa realidade, tampouco teve acesso aos motivos que levaram o autor a acionar a justiça. Um bicheiro de Pernambuco, que queria entrar no mercado paraibano sem sucesso, jogou merda no ventilador. E o desembargador embarcou nessa canoa furada.

Se João Agripino fosse governador, com certeza mandaria às favas a sentença do juiz federal. Mas João podia fazer isso. Magro e feio como era, metia medo até nas almas do outro mundo.

Hão de dizer: é contravenção. E é mesmo. Mas uma contravenção que emprega gente pobre, estudante que paga a faculdade com o apurado do jogo, pai que sustenta a família passando jogo de bicho em bibocas e barracas. Esse povo vai viver de que?

Por outro lado, não devemos esquecer que a maior contraventora do Brasil é a Caixa Econômica, com sua loteca, mega sena, raspadinha, loteria federal e o escambau. Se a Caixa pode, João Gonçalves, Mikika e similares podem também.

 

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