A identidade dessa pessoa, no entanto, foi preservada sob a alegação que poderia atrapalhar a nova linha de investigação. Ribeiro dirigia o Opala do ex-presidente no km 165 da Rodovia Presidente Dutra, quando viajavam do Rio para São Paulo e sofreram um acidente de carro. Em 1996, o corpo do motorista foi exumado, e uma perícia constatou que o fragmento metálico encontrado no crânio do motorista era um prego do caixão.
Há dois meses, a Comissão Municipal da Verdade de São Paulo solicitou ao governo de Minas novas perícias técnicas nos restos mortais do motorista. A suspeita da comissão municipal é de que o fragmento metálico trata-se, na verdade, de um projétil de arma de fogo. Para esclarecer a dúvida, o ofício pede também uma nova análise do objeto. No entanto, é possível que a peça fundamental para esclarecer a morte de motorista de JK tenha sido jogada fora.
Ficou definido que o governo de Minas buscará a última perícia realizada nos restos mortais do motorista, enquanto a Comissão da Verdade de São Paulo irá providenciar a autorização judicial para a realização de uma nova exumação no corpo da vítima. As investigações ainda estão sendo conduzidas.
O parlamentar paulistano acompanhou o aposentado Josias Nunes de Oliveira, motorista da Viação Cometa à época do acidente, na audiência na Comissão de Direitos Humanos da ALMG, realizada na manhã dessa segunda-feira.
Hoje com 70 anos de idade, Oliveira vive em casa de repouso em Indaiatuba, no interior de São Paulo. No dia do acidente, o motorista foi a primeira testemunha a ver a batida que matou JK e seu motorista. Chegou a ser responsabilizado pelo acidente, mas depois foi inocentado. O carro do ex-presidente teria ultrapassado o ônibus pelo lado direito e, em seguida, batido numa carreta.
– Tentaram achar um bode expiatório, mas estamos procurando os verdadeiros provocadores do acidente. Ele é a prova vida que o acidente não foi provocado pelo ônibus da Cometa.Cada dia estou mais convicto que foi um acidente provocado. As informações que a gente tem que o motorista pode ter levado um tiro segundos antes do acidente. Há vários indícios de que havia um oríficio de bala no crânio do Geraldo Ribeiro. A perícia de 1996 acusou buraco no osso como esfarelamento ósseo e fragmento encontro como fragmento de prego de caixão. Sou médico, nunca vi isso. Estamos atrás desse fragmento, queremos submetê-lo a nova perícia – afirmou Geraldo Natalini.
Em entrevista, o ex-motorista da Cometa afirmou que foi procurado cinco dias após o acidente por dois homens que lhe ofereceram uma mala de dinheiro. Em troca, ele teria que assumir a responsabilidade pela tragédia.
– Foram dois cabeludos em motos grandes. Me ofereceram o dinheiro para dizer que eu era culpado. Tinham uma mala cheia de dinheiro, não tenho a mínima ideia que eram. Me ameaçaram, falaram que se não pegasse o dinheiro ia render para o meu lado. Não aceitei -declarou, bastante emocionado. Em depoimento à comissão da ALMG, Oliveira repetiu a sua versão do acidente.
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