ROMA – Investigado sob acusação de prostituição de menores, o primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, teria sido vítima de extorsão e, numa conversa com um dos suspeitos no caso, afirmou que pretendia deixar a Itália, chamada por ele de “país de merda”. O diálogo por telefone com Valter Lavitola, diretor e editor do jornal “Avanti!”, aconteceu no dia 13 de julho e foi interceptado pela Procuradoria de Nápoles.
– Em alguns meses me vou. Vou embora deste país de merda, do qual estou nauseado. Ponto e basta – disse Berlusconi na conversa com Lavitola, segundo a agência de notícias Ansa.
Na ligação de 13 minutos, o principal assunto são os processos judiciais contra Berlusconi. O premier nega as acusações contra ele, mas, de acordo com as autoridades locais, o áudio é “relevante” por provar a “especial proximidade” entre o premier e o editor.
– Eu sou assim, transparente, limpo nas minhas coisas. Não há nada que me possa incomodar, entendeu? Eu sou uma pessoa que não faz nada que possa ser assunto de notícias criminais. Estou absolutamente tranquilo – disse o chefe de governo no telefonema.
Lavitola é investigado sob acusação de ter extorquido Berlusconi. A polícia italiana prendeu na manhã desta quinta-feira duas pessoas ligadas ao mesmo caso: o executivo Giampaolo Tarantini e sua mulher, Angela Devenuto.
Tarantini teria chantageado o premier devido à investigação policial que apura se mulheres menores de idade foram pagas para frequentar festas na casa de Berlusconi. O empresário, que também está sendo investigado por auxílio à prostituição na região de Bari, afirmou que pagou Patrizia D’Addario, uma prostituta de luxo, e outras mulheres para que fossem a uma festa na casa de Berlusconi.
De acordo com o promotor de Justiça de Nápoles, Francesco Greco, o empresário prometera não divulgar interceptações telefônicas embaraçosas sobre as mulheres que iam a festas de Berlusconi. O executivo também diria que o premier não sabia do que acontecia nas festas, chamadas por Berlusconi de “bunga-bunga”.
Segundo a revista semanal italiana Panorama, a Procuradoria de Nápoles trabalha com a hipótese de que Tarantini teria recebido um montante de 500 mil euros. Em declarações à revista Panorama, o premier negou ter sido vítima de extorsão e declarou que “ajudou uma pessoa [Tarantini] e uma família com filhos que se encontrava, e se encontra, em graves dificuldades econômicas”.
Mas trechos de outras conversas telefônicas entre Tarantini e Lavitola demonstram que a dupla tinha o objetivo de manter Berlusconi “com a corda no pescoço”, “de joelhos” e “sob pressão”, segundo expressões usadas durante as ligações.
oglobo
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