Queira ou não os incrédulos a nação brasileira passa hoje por um momento que poderá levá-la a sanear o ambiente moral da República. Ninguém, ninguém mesmo, acreditava a bem pouco tempo que vestais poderosos, encastelados no poder, fossem compelidos a pagar na prisão pelos crimes cometidos, principalmente por aqueles relacionados a falcatrua com dinheiro do contribuinte.
Atitudes definidas e definitivas do Supremo Tribunal Federal, que culminaram com a condenação dos quadrilheiros do mensalão, sentenciando-os a pagar na cadeia pelos seus atos, permitem que a nação passe a acreditar que este momento moralizante está chegando.
E, sem nenhuma dúvida, este momento se reflete na forma como vem se conduzindo o intrépido e destemeroso ministro Joaquim Barbosa, cuja relatoria da Ação Penal 470, foi exercida com firmeza e tenacidade, não deixando brechas capazes de tumultuar o andamento da decisão final prolatada pelo STF.
Ao condenar figuras notórias e poderosas da República a penas privativas de liberdade, por crimes que, geralmente, passavam incólumes, além de servir de exemplo, reflete o perfeito equilíbrio que compete a um órgão de grandes responsabilidades. A decisão do STF deixou evidenciada que o declínio contínuo da decência e da honradez registra repulsa no meio social e que somente a lei é capaz de corrigir.
O exemplo dado pelo STF deverá, a partir de agora, ter conotações pedagógicas e refletir nas instâncias inferiores da justiça brasileira, geralmente manietadas e temerosas diante de “espertalhões ” que se arvoram de poderosos, mas que não passam de reles e contumazes desviadores do dinheiro público.
Pelos seus efeitos moralizantes o julgamento do mensalão, tem estrita ligação com o futuro da nação brasileira, já que o nosso futuro depende muito da hora presente. A partir de agora, aqueles que agem com descaso inqualificável com a decência, a moral e os costumes haverão de temer os efeitos da lei.
Porém, para que isto ocorra, a nação brasileira se enche de esperança na expectativa de que a justiça brasileira, não transija diante desses desavergonhados ladrões; não se apequene perante aqueles que, acostumados com a impunidade, facilmente botam a mão suja no “bisaco” que contém os parcos recursos destinados ao combate da fome e da miséria que campeia pelas periferias das cidades e, mais ainda, nos grotões desse Brasil afora.
Implacável, a sociedade cobra tratamento igualitário, isonômico e exige primazia republicana diante de fatos que merecem ser vistos com rigoroso escrúpulo. Que a lei, filha da moral e da razão, não se acovarde diante de interesses escabrosos de quem quer que seja.
Chegou à hora de sanear o ambiente moral da República!
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