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Blog do Vavá da Luz

QUANTO MAIS “VOLTA AGRA”, MAIS “AGRA FICA”

GilvanFreire

Luciano Agra tornou-se um fenômeno político na Capital em pouco tempo. O que era até recentemente um técnico sem viés político, exercendo um cargo extraordinariamente relevante na geopolítica de seu estado (somente menor que o de governador), passou a ser de repente uma referência eleitoral. Ou seja, a conjuntura e o tempo descobriram mais um animal político que antes tinha cara apenas de gente.

Não fazia mal se pensar outrora que Luciano possuía como maior patrimônio político uma biografia onde não constava passagem pela atividade política, ainda que tenha exercido funções públicas sujeitas a mando dos políticos. Mas, apesar dos efeitos frontais e colaterais,podia-se dizer que ele não estava contaminado. Não que fosse impermeável ou imune à sedução do meio ambiente, mas porque parecia cada vez mais demonstrar encantos com os traçados na prancheta.

Os arquitetos, via deregra, na medida em que criam, têm a sensação de que estão finalizando o mundo idealizado e criado por Deus. E fazendo algo mais interessante ainda do que fez o Criador. Já os engenheiros pensam que o mundo criado pelos arquitetos e por Deus só tem sustentação se eles fizerem cálculos, baterem o centro e oferecerem um eixo. Mas, quando quer, Deus destrói tudo num sopro. E, se quiser deixar os estragos por conta dos políticos, sabe Deus que eles destruirão mais que Ele, e nem saberão reconstruir o que foi devastado por eles próprios. Só o dono pode recompor o mundo.

Até enquanto era apenas arquiteto Luciano Agra via a cidade como o pintor transformista que bota cores numa natureza cinzenta. Talvez desejasse mesmo ser um semideus submisso,possivelmente consciente de que ele próprio seria uma das grandes obras do Criador, encarregado por ELE de melhorar seu acervo, e não de imitá-Lo. E deSobedecer. Isso Agra fez.

Mas ocorreu de Luciano ser prefeito. Chegou ao cargo como vice, um cargo político provido pela eleição:a chapa foi votada. Apesar disso, Luciano parecia ser só arquiteto. E anti-político.Rendeu bem. Tudo ia normal, até que Luciano se descobriu anormal. Estava infectado pelo vírus do cargo e das companhias e do mandonismo a que se escravizou e obedeceu. Já não era mais obediente àquele Deus que lhe dava permissão para enfeitar sua obra numa prancheta, e sim um deus que só queria adoração, mesmo que o mundo tivesse de ficar cinzento à falta de um pintor.

Luciano entrou em parafuso. Até hoje não sabe a que deus deve servir. Tem medo dos dois. Dos castigos de Deus escapa, porque comete apenas o pecado de encobrir erros alheios, até onde se sabe. Do deus terreno teme a vingança e a ira, porque jurou adorar somente a ele. Corre muito risco, além dos já corridos.

De qualquer forma, para o arquiteto consagrado e pintor da natureza viva, o mundo está cinzento e triste. Há vozes que gritam: ‘volta’… ‘fica’. Isso ele sabe, mas ninguém sabe que tipo de punição os deuses preparam para punir os que não sabem adorar a um só Deus. É melhor que decida para salvar o arquiteto e o prefeito. Sob pena de morrerem os dois.

Este artigo integrará o futuro livro:

‘PREVISÕESPOLÍTICAS DE UM VIDENTE CEGO’

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