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Quais as expectativas para a cultura a partir da Funjope e do novo prefeito? (Por Gil Sabino)

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Quais as expectativas para a cultura a partir da Funjope e do novo prefeito?


Marcos Alves, novo presidente da Funjope, para quem são direcionadas as expectativas do meio artístico e cultural.

O acadêmico, escritor, jornalista, ativista cultural, Marcos Alves, é o nome escolhido para assumir a presidência da FUNJOPE, a Fundação Cultural de João Pessoa. É sem dúvida um nome bastante respeitável no ambiente artístico cultural a partir da UFPB, e por suas publicações e currículo de invejável conteúdo.

Antes que alguns setores da área cultural manifestem contra, ou mesmo a favor, o que já se tem postado nas redes sociais, registro aqui, que sou contra a esse tipo de atitude de fritar nomes antes mesmo que possam assumir suas titularidades. Acredito ser desnecessário, antiético, e vou além, acho maldoso agir assim. Por isso, mesmo, estamos abrindo espaço para que se manifestem as opiniões e divulguem quais os novos planos para a cultura de João Pessoa.

Somos da área de produção e marketing, comunicação, captação de recursos, e vimos de longe, com grande currículo à serviço da arte e da cultura, experiências vividas em grandes centros, com multinacionais, governos, grandes eventos, etc. Sabemos que não é fácil administrar esse setor. Cultura não se dirige. Esta, por si só, desenvolve-se através da história, vai construindo seus próprios pilares. Nesse ponto, o papel das instituições chega para dar um norte, um apoio, suporte, incentivando, creditando o que já existe e formatando propostas que vem da própria sociedade, adaptadas aos novos tempos com a presença de patrocínios e outros envolvimentos. As chamadas: Parcerias Público Privadas (PPPs), e outros modelos de execução.

Assim vem ocorrendo com os grandes eventos que nasceram ali, através de pequenos grupos e foram tomando formas potenciais como as escolas de samba, o Galo da Madrugada, o São João, os grandes festivais de inverno e verão, festivais de arte e cultura, de cinema, de música, as feiras de literatura, artesanato e outros.

Mas, o que se espera de um gestor municipal? O que os artistas, as comunidades esperam para oxigenar a área cultural? É essa a pergunta que fica no ar, às vésperas de assumir um novo prefeito, uma nova equipe, uma nova presidência para a casa da cultura de João Pessoa, que é a Funjope. A expectativa gira em torno de um ano atípico, por conta de uma pandemia que assola o planeta e ameaça ainda as próximas estações até estabilizar. A expectativa diante dos novos nomes vem também, entre outros atributos, através das novas formas virtuais de expansão. A economia, o planejamento, as propostas todas que devem ser reavaliadas. O mundo não pode passar a ser apenas virtual, precisa-se do calor do público, das suas participações interativas presenciais. Precisa-se de soluções viáveis adaptadas, logicamente, aos novos protocolos.

O artistas não sobrevivem com pires na mão, aguardando verbas emergenciais e recursos que duram quase um ano para chegar… Entre demandas e propostas é preciso criar estratégias e vislumbrar cenários futuros para a manutenção dos espaços, das produções, das diversas saídas para dar continuidade ao trabalho da arte e da cultura. É nesse sentido que acreditamos que estejam centradas as próximas etapas de construção da nova gestão. O trabalho de inovação, de criatividade, de sustentabilidade. E observemos que temos aí o composto da internet nos auxiliando ao trabalho de divulgação, de comunicação, de agilizar ainda mais, todos os processos já, até então existentes.

É preciso lembrar que o PIB cultural no país chega a 2,6 pontos percentuais, um retorno econômico dos maiores para as receitas municipais e estaduais, muito além do turismo e outros setores. João Pessoa é a terceira cidade mais antiga do país. Com imenso patrimônio histórico, acervo artístico, talentos e oportunidades. É preciso despertar para projetos e contrapartidas, resgate de espaços, criação de novos outros. Buscar apoio sustentável, patrocínio cultural de empresas, envolvimento social, bancos, instituições ligadas ao setor cultural e preocupadas em interagir, associar suas marcas às demandas das comunidades.

Logo, o que a cultura espera do novo prefeito? É dentro desse cenário que correm as expectativas diante de ações do novo presidente da Funjope e, especialmente, do prefeito Cícero Lucena.

Wscom