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Quadrilhas especializadas em aplicar golpes contra aposentados estão agindo com freqüência em toda a Paraíba

Quadrilhas especializadas em aplicar golpes contra aposentados estão agindo com freqüência em toda a Paraíba. Todos os dias, a Delegacia de Defraudações e falsificações recebe queixas de pessoas que foram vítimas dos golpistas. Segundo a Seção de Comunicação Social do INSS, na Paraíba, o Sistema de Ouvidoria do Ministério da Previdência Social, registrou ano passado no Estado, 584 reclamações relacionadas a empréstimos consignados.

De acordo com o delegado de Defraudações e Falsificações da Capital, Gustavo Santos Carletto, para aplicar o golpe, em muitos casos, os estelionatários chegam a ir à casa das vítimas e se passando por funcionários de uma financeira, oferece o empréstimo e, alegando comodidade, diz que a vítima não precisa ir ao banco apenas deve assassinar uma procuração e entregar o cartão do benefício.

Sem desconfiar de nada, o aposentado faz o que o golpista manda e quando chega o final do mês e vai sacar a sua aposentadoria descobre que alguém fez um empréstimo consignado na sua conta. De acordo com o delegado esse tipo de crime acontece todos os dias e a vítima só sabe que foi lesada quando vai sacar a sua pensão ou aposentadoria.

Segundo a polícia, o estelionatário obtém o número do benefício do aposentado e outros dados e falsificam os documentos que servem para conseguir empréstimos junto a bancos e financeiras que mantêm convênios com o INSS. A instituição financeira autoriza o empréstimo, que é reconhecido pelo INSS. O dinheiro é depositado numa conta indicada pelo estelionatário e os descontos começam a ser feitos, a cada mês, no benefício do aposentado.

Para evitar esse tipo de golpe, o delegado Gustavo Santos Carletto orienta os aposentados a não assinarem qualquer documento para entregar a estranhos e quando foi procurado por alguém que não conhece antes de qualquer coisa peça ajuda a um parente.

Golpe já atinge cerca de 2 milhões de pessoas e um prejuízo de R$ 4 bilhões no País

Segundo João Batista Inocentini, presidente do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos, 23,6 milhões de pessoas têm direito de pedir empréstimo com desconto direto no benefício pago pelo INSS em todo o país.

Desse total, 18 milhões já pediram empréstimo, com valor médio de R$ 3.000, o que soma R$ 54 bilhões em dinheiro disponível. Segundo o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) o golpe do empréstimo descontado no valor do benefício pago pelo órgão já atinge quase dois milhões de pessoas no país e soma R$ 4 bilhões em todo o Brasil.

“Hoje, cerca de 8% do total de empréstimos concedidos é fraudado e, em boa parte, por vazamento de informações da Previdência Social. Não conseguimos entender como é possível vazar esses dados e muito menos como os bancos concede as operações sem comprovar a real identidade de quem pede”, diz Inocentini.

Nem o presidente Lula escapou do golpe

De acordo com a polícia a maior parte dos golpes acontece de forma semelhante à ocorrida com o presidente Lula.

Munidos do número do cartão do INSS do beneficiário, os participantes da fraude pedem ao banco um empréstimo consignado no nome de outra pessoa e indicam uma conta corrente para o crédito do valor.

Segundo Inocentini, deficiências na verificação da identidade da pessoa que pediu o empréstimo e falhas no cruzamento da informação com a base de registros do INSS fazem com que o número fornecido não seja checado devidamente.

Isso permite que o dinheiro do empréstimo seja liberado, seja debitado mensalmente do pagamento da vítima e caia na conta indicada pelos golpistas.

“Outras formas de verificação são necessárias, como o cruzamento de informações – data de nascimento, nome da mãe, número do benefício, residência declarada do beneficiário e até região de solicitação do empréstimo”, afirma Inocentini.

De acordo com o presidente do Sindipi, na maioria dos casos os fraudadores pedem o empréstimo em locais diferentes da residência do aposentado, o que poderia ser utilizado pelos bancos até como forma de identificação da fraude. Sobre esse assunto o Banco Central afirmou que a verificação da identidade do cliente que pede empréstimo é responsabilidade de cada banco.

Para o Banco Central a solução de problemas relacionados a empréstimos consignados, o cidadão deve procurar a própria instituição que lhe prestou o serviço ou comercializou o produto financeiro. “Se as tentativas de solução por meio da agência ou posto de atendimento ou ainda dos serviços telefônicos ou eletrônicos de atendimento ao consumidor não apresentarem resultado, o cidadão deve procurar a ouvidoria da instituição”, informou o Banco Central.

Paul Cosme