Eu, filho do carbono e do amoníaco,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundíssimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me À boca uma ânsia análoga `ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme – este operário das ruínas –
Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra.
Anda a espreitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
A PSICOLOGIA NUNCA PODERÁ DIZER A VERDADE SOBRE A LOUCURA, POIS É A LOUCURA QUE DETÉM A VERDADE DA PSICOLOGIA.
COMENTÁRIO: Na minha opinião , ele relata uma mistura química que resulta no nascimento dele, ter nascido já com um defeito psicológico “ a obsessão que tinha por está doente”… Ele devia freqüentar hospitais o que ele julga ambiente repugnante.
A vontade da boca de um cardíaco, talvez a ânsia por um remédio, o sentimento de que está doente o faz pensar que os vermes o aguardam e que ele nasceu Orgânico e sumira como inorgânico, que o (Carbono Amônia)NH4 substância que pode dar origem a aminoácidos, que juntos formam proteínas (base estrutural da vida).
É uma alusão simples à natureza humana, que acabará comida pelos vermes que
nos espreitam. Acho que este poema é uma crítica a toda a natureza humana.
No primeiro verso, “Eu, filho do carbono e do amoníaco” ele se refere, com certeza, à composição do organismo humano> E ele Augusto, ao se definir como mero filho de átomos e moléculas, desce ao limite da materialidade biológica, pois ele se se encontra numa dimensão onde não há alma ou espírito, apenas corpo.
Acredito que é essa a interpretação correta. O autor queixa-se de ser mera carcaça e por isso,” filho do carbono e do amoníaco
Ingá, março de 2013 .”