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PRODUÇÃO, CAPITAL E TRABALHO NO CONTINENTE AMERICANO (Prof. Marciano Dantas)

O continente americano é dividido em três subcontinentes: América do Norte, Central e do Sul. Dentre todos, o menor é a América Central. Os países que integram a América Central têm suas economias fortemente ligadas à atividade primária, principalmente a agropecuária.

  Os agricultores desenvolvem, majoritariamente, a agricultura de subsistência, praticada sem o emprego de tecnologias, ou seja, técnicas de preparo, plantio e colheita são rudimentares e tradicionais, a força de trabalho é totalmente familiar. Essa configuração resulta em baixa produtividade.

  Na América Central são desenvolvidos diversos cultivos, porém, o principal destaque é o milho – cultura milenar na região. A produção agrícola é destinada ao consumo interno.

  A produção agrícola destinada ao abastecimento do mercado interno, geralmente é desenvolvida em grandes propriedades rurais, com um relativo emprego de tecnologias, na maioria das vezes pertencentes a empresas norte-americanas ou de outras nacionalidades. Além do milho, as culturas tropicais mais cultivadas são: café, banana, amendoim, frutas tropicais, cana-de-açúcar, algodão e cacau.

  Na América Central, assim como na maioria dos países latino-americanos, há uma concentração fundiária, ou seja, a maioria das terras estão nas mãos de poucas pessoas.

  Os norte-americanos chamam os países da América Central, pejorativamente, de República das Bananas. Expressão que deixa explícita a dependência desses países em relação à produção agropecuária, fator que sujeita a economia a constantes instabilidades em virtude das variações dos preços dos produtos primários no mercado internacional.

  As indústrias na América Central não possuem grande representatividade, as poucas que existem produzem basicamente tecidos, roupas, alimentos, e quase todas são empresas transnacionais.

 

Cultivo de banana na Costa Rica

 

   No continente americano concentra-se um dos maiores volumes de produção do planeta. Isso significa, portanto, um dos maiores índices médios globais do PIB. Enquanto a América Latina é responsável por 6% do PIB mundial, Canadá e Estados Unidos são responsáveis por 32%. O destaque são os Estados Unidos, cujo PIB em 2020 foi de 20.580,250 trilhões de dólares, de acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), enquanto que o Canadá teve um PIB de 1.600,264 trilhão de dólares.

  Brasil, México e Argentina, os países latino-americanos mais industrializados, possuem a economia mais pujante da região. Contudo, em suas balanças comerciais, a exportação de commodities (produtos de origem agropecuária ou de extração mineral, em estado bruto ou pequeno grau de industrialização, produzidos em larga escala e destinados ao comércio externo, e que têm o preço determinado pela oferta e a procura internacional da mercadoria), têm grande destaque, como soja e minérios, sobretudo no caso brasileiro. Grande parte do PIB de vários países do subcontinente é formada por remessas externas de capital, portanto, sem conexão direta com a produção, o que significa pouca geração de emprego.

  Após a Segunda Guerra Mundial, países como Brasil, México e Argentina tiveram que se industrializar, pois os países que os abasteciam de mercadorias industrializadas estavam em processo de reconstrução devido à guerra. Essa industrialização é conhecida como industrialização por substituição de importação.

  Outra característica dos países latino-americanos é a industrialização tardia, que veio ocorrer apenas no século XX, tendo em vista que a Revolução Industrial teve início no final do século XVIII e início do século XIX, totalizando mais de 100 anos de atraso e, por último, a grande dependência financeira em relação aos países mais desenvolvidos.

 

Chuquicamata, a maior mina a céu aberto do mundo, próxima à cidade de Calama, no Chile

 

  O Brasil possuía, em 2020, o 12º maior PIB do mundo, com 1.363,767 trilhão de dólares, ou seja, o terceiro maior PIB do continente americano. Contudo, quando se considera o PIB per capita, que melhor indica a média de distribuição de renda em cada país, os Estados Unidos ocupam a 7ª posição e o Canadá a 17ª. Embora o Brasil possua o terceiro maio PIB no continente, em 2020 a posição no PIB per capita era a 63ª.

  Com aproximadamente 38% do PIB mundial, o continente americano sedia 48% das maiores empresas do mundo. Dos 10 países que possuem as sedes das 50 maiores empresas do mundo em seus territórios em 2020, de acordo com a revista norte-americana Forbes, os Estados Unidos encabeçam a lista com 22 empresas. O Canadá é o outro país do continente americano que possui uma empresa entre as 50 maiores do mundo. Nos últimos anos, diversos fatores de competição global e algumas consequências de estratégias utilizadas para emergir da crise mundial do final dos anos 2010 ditaram o ritmo de crescimento dos países americanos. Percebe-se que eles ainda não recuperaram o patamar anterior dessa grande crise econômica.

 

Gráfico mostrando o PIB de alguns países

 

  A economia dos países da América Latina e do Caribe cresceu a baixas taxas entre 2017 e 2018. Para até 2020, previa-se um avanço gradual para a maioria dos países da região, com destaque para os exportadores de commodities.

  O advento da pandemia da Covid-19 impactou a economia mundial, e as previsões tiveram de ser refeitas. No continente americano, no período pré-pandemia, os Estados Unidos eram o país que mais se aproximava da média de crescimento econômico mundial.

  Apesar da pandemia, a América Latina e o Caribe deverão consolidar sua posição de maior região exportadora de produtos agropecuários nos próximos anos, com o Brasil em posição central na produção e nos embarques de produtos como soja, milho, carne, açúcar e café. A estimativa é da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) e da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

 

Projeção de produção agropecuária de alguns países até 2028

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

BATISTA, P. N. O Consenso de Washington: a visão neoliberal dos problemas latino-americanos. In: BATISTA, P. N. (et al.). Em defesa do interesse nacional: desinformação e alienação do patrimônio público. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1994.

BRAGA, R. A reestruturação do capital: um estudo sobre a crise contemporânea. São Paulo: Xamã, 1996.

HARVEY, D. O enigma do capital: e as crises do capitalismo. São Paulo: Boitempo, 2011.

LEFEBVRE, H. A reprodução das relações de produção. Goiânia: Redelp, 2020.

PIKETTY, T. O capital do século XXI. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2014.

https://www.sna.agro.br/america-latina-mostra-força-na-exportacao-agropecuaria. Acesso em: 25/05/2022.

https://www.imf.org/en/Home. Acesso em: 25/05/2022.

https://forbes.com.br. Acesso em: 25/05/2022