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PMDB E PT: O MESMO OLHAR NA DELÍCIA DO PODER (Chico Pinto)

PMDB E PT: O MESMO OLHAR NA DELÍCIA DO PODER

Em política, “a comunhão de ódios é quase sempre a base das amizades”. Esta frase de Tocquevile espelha o momento atual na vida partidária brasileira. O mais recente exemplo: O PMDB diante da baixa votação obtida pelo deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN, eleito presidente da Câmara dos Deputados com apenas 22 votos além do necessário, desconfia que foi traído pelo PT azedando ainda mais o clima rumo a 2014.    

Conforme circula em Brasília os peemedebistas atribuem grande parte da responsabilidade pelo desempenho considerado ruim a traições de petistas, apesar do acordo entre os dois partidos para que Alves fosse o presidente da Casa, e relacionam esse comportamento à próxima disputa presidencial.

Embora a relação sempre tenha sido de desconfiança, o mal-estar entre PT e PMDB se instalou quando o ex-presidente Lula sugeriu à presidente Dilma Rousseff, no último dia 25, que ceda sua vaga de vice em 2014 para Eduardo Campos (PSB). Esse assunto dominou parte da reunião da bancada do PMDB na Câmara, ontem pela manhã.

Se estas escaramuças estão em evidências na alta cúpula partidária pode- se imaginar como andam as desavenças nas bases. Aqui mesmo na Paraíba, PMDB e PT não se afinam. As ofensas são recíprocas e tudo caminha para uma divisão de rumo em 2014.

Para comprovar a desarmonia partidária basta dá uma lida nas declarações recentes do ex-governador José Maranhão, quando diz que não votou no segundo turno no prefeito Luciano Cartaxo, que por sinal foi seu vice-governador, por que  “nunca acreditou no seu projeto administrativo”. Maranhão foi derrotado por Luciano no primeiro turno por uma diferença avantajada de votos, talvez daí venha esta antipatia.

Por sua vez, o deputado Anísio Maia, líder do PT na Assembléia Legislativa e um dos principais coordenadores da campanha de Cartaxo, em tom de galhofa e de acentuado  desprezo,  declara que os petistas paraibanos aceitam uma composição com o PMDB para 2014, desde que Veneziano Vital do Rego, figure como candidato a vice em uma chapa encabeçada pelo PT.    

Este tipo de arrobo da parte de Anísio Maia só pode mesmo ser gozação, pois, toda Paraíba sabe, que o ex-prefeito de Campina Grande, o cabeludo Vené, vem sendo preparado,  para disputar o pleito de 2014 na condição de candidato a governador e jamais aceitaria ser vice de quem quer que seja neste momento atual.

E, Veneziano já deu demonstração disso quando, peremptoriamente, se negou a ser candidato a vice em 2010, na chapa encabeçado pelo próprio Zé Maranhão que, derrotado, chegou até mesmo a culpar os peemedebistas campinenses pela derrota sofrida para o atual governador Ricardo Coutinho.

Vale registrar que em política tudo tem o seu preço. E, geralmente, a fatura é cobrada com juros e correções. Agorinha mesma, depois de abocanhar as presidências da Câmara e do Senado, o altruísta PMDB já reuniu a sua tropa, sob a liderança indefecável  deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ)  para conduzir uma investida contra a política de desonerações tributárias da presidente Dilma Rousseff. Com a complacência do vice-presidente Michael Temer decidiu emendar todas as medidas provisórias que o Planalto enviar ao Congresso sobre a matéria.

Com suas emendas, o PMDB tentará impedir que a redução de alíquotas de tributos como IPI e Imposto de Renda incida sobre os valores que a União é obrigada a repassar a Estados e municípios. Com esta medida o governo te rá que tirar a desoneração da parte do tributo que cabe a ele, não da parcela que cabe aos governos estaduais e às prefeituras.

Diante desse contexto,  a frase de Tocquevile,  inserida no início deste arrazoado, pode-se muito bem acrescentar outra de autoria de Victor Lasky que diz que “na política não há amigos, apenas conspiradores que se unem”.