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Blog do Vavá da Luz

PARAHYBA CAPITAL PARAHYBA (por Pedro Marinho)

Esporadicamente setores de nossa sociedade questionam o nome dado a nossa capital, que no passado se chamava de Parahyba – grafado assim mesmo – sendo então, a partir de 1930, denominada João Pessoa numa homenagem ao presidente assassinado numa confeitaria localizada no Recife.

Visando relembrar os fatos que antecederam a morte do presidente paraibano, diferente do que pregam alguns historiadores paraibanos, a mudança do nome de nossa capital, não aconteceu após a Revolução de 1930, por pressão dos estudantes do Liceu e da escola Normal, como erroneamente ensinam, já que a pressão exercida foi apenas no sentido de se dar o nome do político assassinado, a praça localizada defronte ao Palácio da Redenção, cujo logradouro se chamava Comendador Felizardo, tendo então, ocorrido a mudança, passando a praça a se chamar João Pessoa.

Naquela ocasião, o poeta Américo Falcão, que dirigia a Biblioteca Pública, entendendo que a homenagem prestada pelo povo não fazia jus a grandeza do político assassinado, endereçou correspondência ao seu amigo Sinésio Guimarães, então Diretor do Jornal A União, sugerindo que o nome da capital paraibana fosse João Pessoa, cuja correspondência foi publicada na edição do citado jornal no dia 03 de agosto, ou seja, sete dias após o falecimento do presidente, sendo a citada correspondência publicada no dia 06 do mesmo mês, no matutino carioca, denominado “O Jornal”. A sugestão do poeta, imediatamente foi acatada pelo Centro Paraibano, sediado no Rio de Janeiro, bem como pela população paraibana, culminando a ideia em se transformar em realidade no dia 04 de setembro, através da lei 700, aprovada pela Assembleia e sancionada pelo presidente Álvaro de Carvalho.

Como se observa, o poeta Américo Falcão, foi verdadeiramente o autor da ideia de se perpetuar o nome da João Pessoa, mudando-se o nome da capital, permanecendo o logradouro defronte o Palácio, com o nome de Comendador Felizardo, o que infelizmente não aconteceu, pois mesmo tendo mudado o nome da capital, o nome João Pessoa passou também a denominar a praça, ficando prejudicado o antigo homenageado, que sequer foi lembrado para denominar alguma outra praça ou via da capital paraibana.

É importante enfatizar que Américo Falcão, logo após a oficialização da mudança do nome da capital, recebeu na sua residência na antiga Rua da Palmeira, ruidosa manifestação de populares, discursando na oportunidade o professor Manoel Viana Junior que parabenizou o poeta pela ideia lançada através da imprensa. Fica claro, portanto, que a mudança do nome da capital, e as homenagens ao estadista paraibano, ocorreram bem antes da eclosão da Revolução de 1930, que teve início em 03 de outubro daquele ano. 

Naquele mesmo período, mais precisamente no dia 25 do mesmo mês, foi adotada uma nova bandeira da Paraíba, contendo no centro a palavra ‘Nego’, numa referência a negativa do presidente João Pessoa, em apoiar a candidatura de Julio Prestes a presidência da Republica, mesmo desagradando o todo poderoso Getulio Vargas. A nova bandeira foi oficializada através da Lei 704, assinada pelo presidente do Poder Legislativo, dep. Antonio Galdino Guedes e pelo 1º Secretário da Casa, dep. Severino Lucena, genitor do atual representante da Paraíba no Senado Humberto Lucena.

A nova bandeira substituiu a bandeira que se encontrava em vigor desde 21 de setembro de 1907, aprovada pela Lei 266 e sancionada pelo Monsenhor Walfredo Leal, que governava a Paraíba e pelo Oficial de Secretaria Marcolino d”Albuquerque, no impedimento do então secretário de Estado. 

Todas estas informações podem ser confirmadas pelos documentos da época e por todos aqueles que vivenciaram aquele terrível momento, dentre eles o filho do falecido poeta, João Leomax Falcão, que graças as suas anotações, foi possível a elaboração deste curto e modesto trabalho sobre a história da Paraíba.

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