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OLHA O QUE DIZ O SÁBIO TIÃO LUCENA

Há dois candidatos favoritos a prefeito de João Pessoa, em 2012 – o da situação e o da oposição. Mas como pode, dois candidatos contrários entre si e favoritos?

Pois é, na política, segundo os mais entendidos, até elefante voa, apesar do tamanho e do peso e de não possuir asas. Não foram poucos os que alçaram voo sem asas e voaram alto. Outros, contudo, tendo asas e plumas, não saíram do chão. É mistério dos grandes.

No caso de João Pessoa, a candidatura mais natural é a de Luciano Agra, um gerente competente que parece estar dispensado de ser político. Ele até adoraria muito se o povo o dispensasse definitivamente de ser político.

Mas não é bem assim. Parece que o eleitor exige que seu candidato seja mesmo político, ainda que não considere que os políticos, de um modo geral, valham mais do que um fósforo queimado. É muito esquisito isso, mas é da estrutura cultural do povo. É castigo insalubre para quem não gosta dessa diversão.

Luciano terá de construir uma identidade política que nem precisou dela para ser vice de Ricardo. A pancada do bombo agora mudou e ele e o erário tremem só de pensar que as costuras políticas exigem dinheiro, emprego e outros favores públicos não muito republicanos. Para manter o favoritismo, Luciano terá de converter-se ao credo que fez Ricardo prefeito reeleito e governador do Estado. Ricardo, em princípio, teve náuseas, mas terminou por provar do fruto podre. A coisa é para profissionais. É pegar ou largar – o preço é conhecido.

O outro candidato favorito vem da oposição, liderada por Maranhão e Cícero. Os dois têm capital político próprio e estômago dilatado para digerir sapos e outros bichos. Ambos não têm mais crise de vômito pelos animais putrefatados que engolem. Luciano ainda tem, mas o hábito de casa há de fazer o monge.

O que une Maranhão a Cícero não é PMDB e PSDB, entre os dois partidos há Cássio pelo meio. O que os une é Ricardo Coutinho, de quem Luciano passa a imagem pública de ser apenas um preposto capaz. Isso é muito perigoso, pois a simbiose entre os dois pode matar um por causa do outro. Revolta, inconformação, sedição e traição rimam em pelo menos três palavras. É o suficiente.

É de se pensar que Maranhão gostaria de ter Lauremília como vice. Também não faz mal imaginar que o próprio Cícero pense. Por causa de Ricardo Coutinho eles têm pensado juntos. Como já disse Millor Fernandes, ‘pensar e coçar é só começar’.

Por enquanto, as chapas estão apenas no pensamento. Já é o primeiro turno mental das eleições. Quem tiver coceira, que coce. Política é como coceira entre os dedos do pé, fere e sangra, mas dá uma sensação de conforto e prazer. Há gosto para tudo. Deus tenha clemência de nós!

Este artigo integrará o futuro livro:
‘PREVISÕES POLÍTICAS DE UM VIDENTE CEGO

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