Ao jornalista está proibida a manifestação da vontade. Você não pode dizer que o governador está certo, ou manifestar simpatia para com o porta voz da oposição. De cada lado estará sempre um grupo a dizer cobras e largatos contra sua opinião. De apoio mesmo, alguns gatos pingados, coisa que se guarda numa caixa de fósforos.
Sinceramente, eu não ligo. Sei que os desaforos fazem parte do panorama. Só lamento. Esses que se manifestam são os mais vendidos, seja a um grupo ou a outro. Os que chamam os jornalistas de babões por elogiarem Ricardo Coutinho, na realidade choram o peitinho perdido a partir do momento em que seus chefes deixaram de mandar. Os que se revoltam quando uma opinião se mostra favorável ao da oposição, estão simplesmente revelando o medo de perder a boquinha conquistada.
Faz parte. Estou por estas bandas desde 75. De lá para cá vi muito poderoso descer as escadas e virar rafaméia. Muitos que se achavam imortais terminaram morrendo, os que antes humilhavam, hoje clamam um favorzinho, semi deuses descobriram-se de repente mortais comuns e a roda da vida me ensinou a conviver com esse sobe e desce interminável, de modo que quando diviso um arrogante arrotando poder, sinto pena, pois sei que mais adiante ele vai cair e ficar com a bunda pra cima.
Não vou, por outro lado, jogar pedras num governador para agradar a meia dúzia de viúvas saudosas dos aspones perdidos. Não senhor. Torço pelo governador que está no Palácio. E até que me provem que ele não é um cabra bem intencionado, continuarei torcendo.
E autorizo aos que me atacam por esta posição: Vasculhem os computadores do Governo e se encontrarem qualquer gorjeta fora do meu ganho normal incorporada no meu contracheque, juro que tirarei a roupa e desfilarei nu pelo Centro Administrativo.
Faço isso porque quero. E pronto.
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