O que antes era apenas inverno, agora é movimento. O que antes era invisibilidade, hoje é visibilidade compartilhada. Com a chegada do 1º Festival de Inverno das Serras (FIS), o Curimataú paraibano inaugura mais do que um evento cultural, inaugura um novo tempo para o seu turismo, construído sobre identidade, pertencimento e cooperação entre municípios.
O FIS é o primeiro festival de inverno integrado da região, reunindo seis cidades em uma só proposta: Serra da Raiz, Dona Inês, Araruna, Cacimba de Dentro, Cuité e Barra de Santa Rosa. Todas unidas por uma programação gratuita e plural, que vai de oficinas criativas a feira gastronômica, de debates a teatro e cinema, de literatura a música. Uma festa das serras que valoriza o que é da serra, sua gente, sua arte, seu tempo.
Mais do que somar atrações, o Festival integra estratégias. É fruto da atuação madura e colaborativa do Fórum de Turismo e Cultura do Curimataú, com apoio de parceiros essenciais como o Sebrae, o Governo do Estado, instituições de ensino e entidades culturais. É o exemplo de que governança territorial não é discurso bonito: é ação concreta, com impacto real.
A região do Curimataú, com suas altitudes suaves, cânions, cachoeiras, trilhas e tradições, sempre teve atributos turísticos notáveis. Faltava apenas uma narrativa comum que unisse os pontos e desse protagonismo ao território como destino. O FIS é essa costura simbólica. Um produto turístico integrado, com identidade própria, que transforma a paisagem em experiência e a cultura em oportunidade.
Vale destacar: não se trata aqui de preencher uma “baixa estação”, como em outras regiões do país. No Nordeste, e especialmente na Paraíba, o inverno pode até ser ameno, mas o calendário turístico é vivo. O diferencial do FIS está em ocupar um espaço que antes era pouco explorado no Curimataú, trazendo um novo fluxo de visitantes e, mais importante, um novo olhar dos próprios moradores sobre o potencial de sua terra.
Ao movimentar a economia local por meio de pequenos negócios, incentivar a formalização de empreendedores criativos e oferecer formação cultural e artística, o Festival das Serras cumpre um papel duplo: gera renda e alimenta identidade. Ele cria conexões afetivas com o território e oferece ao turista algo que o litoral muitas vezes não consegue entregar: autenticidade.
O 1º Festival de Inverno das Serras não é apenas um evento, é um marco. Um ponto de virada. A primeira peça de um quebra-cabeça que precisa continuar sendo montado com coerência, planejamento e encantamento. Porque quando um território se reconhece, ele passa a ser reconhecido pelos outros. E quando se organiza com base na sua verdade, se torna irresistível.
Que venham os próximos invernos. Que venham mais festivais. Mas que nunca se perca o que há de mais valioso nesse movimento: a união entre os municípios, a valorização do que é nosso e a certeza de que o turismo só faz sentido quando faz sentido para quem vive nele.
Datas e cidades participantes do FIS:
Serra da Raiz: 30 de julho a 3 de agosto
Barra de Santa Rosa: 6 a 10 de agosto
Araruna: 13 a 17 de agosto
Cuité: 18 a 23 de agosto
Dona Inês: 27 a 31 de agosto
Cacimba de Dentro: 3 a 7 de setembro
Alessandra Lontra é jornalista multimídia especializada em Turismo, mercadóloga e turismóloga provisionada pela ABBTUR. Com mais de 40 anos de atuação estratégica, é referência nacional em inovação no setor, com forte atuação em governança, roteirização, comunicação digital e inteligência artificial aplicada ao turismo. Lidera o portal Ale Lontra – Notícias em Movimento para um Turismo Além do Óbvio
Por Alessandra Lontra