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Blog do Vavá da Luz

NUM INUSITADO ATO DE RENUNCIA, UMA LIÇÃO DE VIDA

Renúncia é sempre um ato extremo. Mas lembro-me de uma frase que aprendí na infância: “Renunciar não deve ser ato de covardia ou masoquismo. É você trocar algo que considera bom por algo que considera melhor”.

Imagino que tenha sido isso o que aconteceu com o prefeito Luciano Agra (PSB). Titular de um dos cargos mais cobiçados do Estado, bem avaliado nas pesquisas de opinião como gestor, Agra só confirma com seu gesto um ponto fraco para quem tentava se firmar como animal político: é humano demais.

Do ponto de vista histórico, o ato em si foi bem diferente daquela renúncia que entrou para a história do Brasil – a do ex-presidente Jânio Quadros. Mais que um gesto movido por razões de foro íntimo, teve a ver exatamente com um estratagema pessoal para tentar se manter no poder, o que efetivamente não aconteceu. A renúncia de Quadros foi política demais.

Em política, por sinal, a renúncia funciona exatamente de forma inversa. Você tem de renunciar a valores que sempre cultivou; a amizades que construiu ao longo da vida; à família, que passa a ser colocada em segundo plano, em função da agenda; a uma vida mais tranquila e sem atropelos provocados pelos fatos alheios à sua vontade; finalmente, aos valores que sempre lhe nortearam o caráter, coisas simples como manter palavra dada ou saber dizer o sim, sim, não, não.

Por tudo isso, o arquiteto Luciano Agra passa a crescer muito em meu conceito pessoal, por ir exatamente na direção contrária de uma multidão que venderia até a alma em troca do cargo pelo qual ele disputaria a reeleição. No caso de Agra, pelas razões expostas de forma simples numa carta de coração desnudo, a renúncia foi um gesto de grandeza e de redenção pessoal

 

Marcos Alfredo

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