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Blog do Vavá da Luz

NOVO TEMPO


                                                                                  MARCOS SOUTO MAIOR (*)

 Depois do relógio badalar, marcando a meia noite com o espocar de fogos, buzinações, gritos histéricos, bebedeira e a música fazendo a moldura da vida, chegou o novo tempo, às pessoas de todos os níveis sonham acordados com desejados momentos felizes.

 Desde os primórdios, o tempo fora dividido pela prevalência esplendorosa do sol e o temor da noite escura esta, propiciando para o repouso do guerreiro, e facilitando a contagem da vida de cada um.

Pois bem, existe grande preocupação entre os povos a divisão do calendário do tempo, sob os efeitos originados pelo sistema lunar, do solar e do gregoriano. Este último, assim chamado, por ter sido editado pelo Papa Gregório XIII, em 1.582, repetido em festejos tipicamente carnavalescos, a cada trezentos e sessenta e cinco dias e uma quebra de seis horas; afora o ano bissexto onde no ano passado, o mês de fevereiro somou mais um dia.

Na verdade, o dinheiro é a mola propulsora dos gastos privados e públicos quando, já no fim do exercício administrativo, político e financeiro, em uma incentivadora compulsão exauri as economias amealhadas no período, raspando as carteiras, bolsos e bolsas. Isto porque deveriam ser usadas as sobras dos ganhos anualmente amealhados, mas no novo ano sempre é invocado o direito de aumentar o buraco deixado pelo desejo irresistível de satisfação pessoal.

Os cartões de crédito, também conhecidos por “moeda de plástico”, circulam livremente entre ricos e pobres, com a mesmíssima euforia de tentar afastar as mazelas do cotidiano. E chegamos a admitir, que não seja o acaso, tirar a possibilidade de realizações, até porque nunca conseguimos ter felicidade plena e sim, apenas conviver em momentos felizes!

Na lista dos desejos, mantidos a cada ano, tudo e mais alguma coisa é resumida em bens materiais com duração limitada. O amor, por sua vez, raramente é encontrado dentre os pedidos da virada de ano, por se tratar de um sopro de intenções pessoais, dependentes da vontade íntima de fazer felizes aqueles que amamos.

Depois da intensa ressaca na festa do cultural do réveillon, a mente logo repensa a cobrança dos desejos materiais exigidos pelo ego, aflorando sentimentos como o carinho, a sedução, o sexo, a ternura, a tolerância e o respeito mútuo!  

Repetitivo dizer que a vida exige o saber viver para compartilhar com os entes amados. E por estas e outras razões, invoco a sábia lição de Sêneca: “O amor não se define, sente-se”.

Quem não incluiu o amor, maior de todos os sentimentos humanos, a passagem do ano novo será sempre reduzida a uma bisonha lista de presentes materiais, que se evaporam em muito pouco tempo.

                                                    (*) Advogado e desembargador aposentado