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Blog do Vavá da Luz

Nem todas são Jolie. Retirada dos seios é medida extrema e desnecessária a maioria das mulheres


Desde que a atriz norte americana Angelina Jolie revelou ao mundo que fez uma mastectomia profilática dupla, cirurgia para retirada total dos seios, aumentaram as dúvidas das mulheres sobre o procedimento e sua real necessidade como método preventivo do câncer de mama. 

Angelina optou por remover os seios para diminuir a probabilidade de desenvolver câncer de mama,         após um teste genético ter constatado que ela é portadora de uma mutação genética hereditária que lhe dava 87% de chance de ser diagnosticada com a doença. Devido à repercussão do caso, anunciado pela própria atriz no último dia 14, a procura por maiores informações acerca da mastectomia e do teste genético aumentou consideravelmente. 

        A mastologista Ana Tereza Uchoa alerta, no entanto, para o fato de que a mastectomia não elimina a possibilidade da doença ser desenvolvida, mas apenas reduz o percentual de risco. A médica explica também que o teste genético não precisa ser realizado por todas as mulheres, e sim por aquelas que já verificaram, através de um heredograma, que algumas parentes já apresentaram tumores nas mamas ou ovários. 

“Caso a paciente perceba que outras mulheres de sua família já tiveram câncer, principalmente se a doença se manifestou antes dos 50 anos, ela deve realizar o teste. O mapeamento genético irá investigar se a pessoa é ou não portadora de uma mutação. Se o resultado for positivo, fica confirmado que a paciente tem até 95% de chance de ter câncer”, esclarece a médica. 

No caso de Jolie, o que motivou a realização do exame foi o fato da mãe da atriz ter morrido em decorrência do câncer de mama. Marcheline Bertrand passou 10 anos lutando contra a doença e morreu aos 56 anos. O mapeamento mostrou que, além de 87% de chance de ter câncer de mama, Angelina possui também 50% de chance de ser diagnosticada com câncer de ovários. A atriz já anunciou que também irá realizar a retirada dos órgãos. Mãe de seis crianças, Jolie justificou sua decisão, em artigo publicado no jornal estadunidense The New York Times. 

“Eu quis escrever isso para falar a outras mulheres que a decisão de fazer uma mastectomia não foi fácil. Mas ela foi a única que me deixou verdadeiramente feliz de ter tomado. Minhas chances de desenvolver câncer de mama caíram de 87% para menos de 5%. Eu posso falar aos meus filhos que eles não precisam ter medo de me perder para o câncer de mama”, escreveu. 

A mastologista Ana Tereza Uchoa acredita que a realização de uma mastectomia profilática dupla é o procedimento médico mais recomendável, em casos semelhantes ao de Angelina Jolie. “A partir do momento que foi confirmada a mutação, a melhor opção é realmente realizar a mastectomia. Isso porque os outros tratamentos do câncer, como a quimioterapia e a hormonoterapia, não funcionam em portadores de mutação genética”, afirma.

Por outro lado, a médica informa sobre os obstáculos que podem ser enfrentados por brasileiras de baixa renda. “O teste genético que verifica se a mulher tem predisposição ao desenvolvimento do câncer custa, em média, seis mil reais e não é oferecido pela rede pública de saúde. E na Paraíba, nem mesmo a iniciativa privada executa o procedimento laboratorial”, pontua.

Dessa maneira, o melhor método preventivo da doença ainda é a realização do auto-exame. Além disso, recomenda-se que toda mulher procure um mastologista e um ginecologista pelo menos uma vez ao ano. Para as pacientes que integram o grupo de risco – ou seja, aquelas que possuem histórico de ocorrência da doença em sua família – o ideal é que se procure um médico a cada seis meses