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Blog do Vavá da Luz

Mudanças afetam mais de 100 escolas na Paraíba

 

Gerências Regionais de Ensino já possuem nomes das instituições incluídas no reordenamento

 
O reordenamento da Rede Estadual de Ensino da Paraíba está causando preocupação e descontentamento em muitos professores, pais e alunos. A extinção de séries do Fundamental ou do Ensino Médio em determinadas escolas e até o fechamento completo de alguns espaços atinge mais de 100 instituições em todo o Estado, conforme números aproximados repassados pela Secretaria de Estado da Educação (SEE).

Embora nada tenha sido publicado no Diário Oficial, todas as gerências regionais de ensino já possuem os nomes das instituições incluídas no reordenamento e os seus diretores estão sendo informados.

Em Cabedelo, por exemplo, a Escola Imaculada Conceição de Ensino Fundamental, fundada desde de 1954, está de luto. Uma faixa preta na fachada da instituição é o sinal de que ela fechará as portas e terá que transferir pelo menos 226 alunos, que faziam parte do quadro da instituição em 2011.

“Na verdade a gente tinha mais de 600 alunos, mas todo ano a escola enfrentava boatos de que iria fechar e nós perdemos alunado com isso”, afirmou a diretora Fátima do Nascimento.

Segundo ela, o prédio da escola é alugado e os proprietários falam que os valores não são pagos há mais de um ano. As ameaças de ordem de despejo eram constantes desde 2009.

“Estamos muito tristes com essa notícia. Fomos informados já no final de dezembro”, comentou a diretora, ao acrescentar que a instituição tem 40 funcionários, sendo 12 prestadores de serviço – que não têm nenhuma perspectiva de permanecer com o emprego público.

Uma delas é a professora de inglês e de português Hozana Moisés dos Santos, prestadora de serviços na Imaculada Conceição há 13 anos. Faltando apenas um ano para se aposentar por tempo de serviço, ela não sabe o que fazer com o fechamento da escola.

“Os prestadores serão todos demitidos. Já fui na Secretaria de Educação e eles disseram, apenas, que meu nome não consta no remanejamento”, contou emocionada. Hozana disse ainda que tem problema no joelho e não pode estar se locomovendo para lugares distantes, por isso terá dificuldade de arrumar outro emprego.

Na instituição, o clima ainda é de decepção entre funcionários e pais de alunos. Eles contaram que a instituição recebeu uma série de equipamentos no ano passado (notebooks, data show, ventiladores, televisão, material esportivo) e que tem uma boa infraestrutura, além de ser devidamente autorizada para oferecer as séries do 6º ao 9º ano.

Em João Pessoa, o reordenamento também atinge diversas escolas. Uma delas é a Estadual de Ensino Fundamental General Wanderley, em Jaguaribe, que fechou as portas. O motivo seria o número insuficiente de alunos.

Já na cidade de Patos, no Sertão do Estado, pelos menos duas instituições não estão mais renovando as matrículas: Dom Fernando Gomes e a Unidade de Ensino Alexandrino Rodrigues.

Segundo um dos representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Paraíba (Sintep-PB), Carlos Belarmino, diretores de escolas de todo o Estado estão ligando, queixando-se da situação.

“Não temos ainda um levantamento, mas já solicitamos uma audiência com o governo do Estado para que eles possam informar quais são os critérios do fechamento e também forneçam a documentação disso. Eles estão informando aos diretores o fechamento ‘de boca’. Estão todos preocupados, principalmente os cerca de 10 mil prestadores que sabem que vão perder o emprego”, disse Carlos.

Na última semana, conforme Belarmino, o reordenamento foi motivo de protesto da população, em frente à escola Dom José, localizada no Bairro das Indústrias em João Pessoa. “Querem fechar as séries do 6º ao 9º ano, mas a comunidade não concorda. Os pais colocaram um carro de som e estão receosos que outras escolas não suportem a demanda de alunos que vão sair da Dom José”, contou o integrante do Sintep.