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MINHA ADOLESCÊNCIA NA ESCOLA ( Prof. Marcos Bacalháo

 

“ A adolescência se vai, mas as lembranças ficam.”

 

 

marcos baclhao

 

Lembro-me com afinco da minha época de escola. Sem muitas responsabilidades ou obrigações; era só estudar. Nunca fui muito influenciável e por esse motivo deixei escapar muitas aventuras por não ir na “corda” dos outros.Tive algumas paixões que nunca souberam dos meus sentimentos, pois sempre os cultivei dentro de mim e só pra mim.Fui egoísta.

Meu passado não me condena; meus amores, sim. Hoje  me arrependo de não ter aproveitado aquele tempo. Aquele era o tempo de fazer algumas pequenas bobagens pra hoje eu relembrar com nostalgia e, quem sabe, com saudade .Lembro que a escola ficava na cidade e todas as manhãs eu traçava o mesmo caminho, conversava com às árvores só para me distrair e não deixava o sol se perder.

Lembro-me que sentava na frente da professora na sala de aula e fingia entender as contas de matemática que mais pareciam códigos binários. Lembro-me também do cheiro dos lápis de cor que se perdiam das caixinhas e apareciam  namorando as borrachas só para não ficarem sozinhos na sala enquanto eu encenava uma desculpa na sala do diretor.

Lembro-me das notas que me tiravam o sono e que me fizeram entender o ano em uma recuperação de matemática.  Lembro-me dos concursos de redação que ninguém sabe que  ganhei – esse segredo eu compartilhei com a  minha professora de português D. Estelita mãe de Cida e Pedrina que me condenou à escrita, à poesia, a escrever, pois eu tinha talento – hoje agradeço a ela!

Não posso também esquecer das falsas amizades que tive e o quão bobo eu era. Era muito fácil me enganar. Eu não tinha maldade na alma e tendia a ser enrolado para viagem  e perder a reputação que eu não me importava. Eu espiava tudo mundo fazendo estripulias  e apenas os ouvidos conversavam com os outros. Minha atenção era voltada para as outras coisas. Todos os amigos pareciam se prender àquele mundinho e eu, sempre achei que o mundo não se  limitava àquilo.

Queria mais.Queria descobrir o que estava se passando fora das mãos, queria o que ainda era oculto, o que era desconhecido. Cresci. Tudo passou e perdi a inocência e a gostosura de ver o mundo com olhos crentes. Hoje, tudo vira obrigação e nem aqueles amigos falsos eu tenho para perder a cabeça e travar uma batalha de personalidades( quando tive a oportunidade, hesitei.)

Meu olhar segue triste revelando tudo o que não ganhei e  o  que não consegui conquistar. Meus ombros cansados delegam o meu abandono do meu próprio ser. Meus amigos se foram como todas as outras coisas se vão nessa vida.

Às vezes encontro com um fulano e quando ouso perguntar como está ou o que anda fazendo, é por pura educação – já não somos mais amigos para isso, não  tento resgatar o que foi enterrado. Embora não do jeito que eu tenha idealizado, mas continua sendo minha vida.

É isso. Ficou apenas o gosto do papel-cartolina que riscou com pincel as lembranças de minha boca. Algumas coisas sempre mudam, mas outras permanecem sentadas na cama a nos olhar.! Tenho dito!