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Blog do Vavá da Luz

MEUS SETENTA ANOS (Prof. Marcos Bacalháo)

 

      marcos baclhao      Muitos brasileiros já podem, assim como eu, comemorar os setenta anos de vida. Esta é uma das muitas conquistas do país.Mas nem todos atingem essa idade cercados de tantos familiares e amigos. Esta é uma dádiva que a vida me concedeu. Menor ainda é o número dos que chegam nesse ponto, em pleno vigor físico e mental., graças a Deus.Esta é uma conquista pessoal.

            Sou mesmo um privilegiado, por muitas razões A vida sempre me trouxe sorte e oportunidades e  sempre procurei estar pronto para aproveitá-las. Crises trouxeram desânimos, mas, as esperanças renasceram. O otimismo é traço característico dos brasileiros, o meu inclusive.

            O tempo passou um bocado. Mais depressa do que imaginei passar. Lembro-me ainda como se fosse ontem, meu pai entrando em meu quarto onde dormia meu irmão para acordar-nos.Lembro-me de tudo um pouco nessa vida.: do primeiro beijo, da primeira namorada,  das risadas dos meus amigos, de meu primeiro emprego, de encontrar e perder o grande amor de minha vida, das músicas da época, das serestas feitas com os amigos.

            Hoje, vejo filhos formados, casados com netos e bisneto, Sinto saudade daqueles que acompanharam meus primeiros passos. Lembro-me de minha mãe e sinto falta daquele carinho que ela sempre me ofereceu e da minha adolescência . Tinha tanto medo do futuro, que já foi o presente e hoje é passado.

            Mas olhando o passado, descobri que foi muito mais que queria ser. Servi de espelho para alguns e isso já me satisfaz. As preocupações também mudaram. Antes preocupava-me  com o pelo que não queria nascer. Hoje são os pelos que nascem demais. Procurei por demais com o que não era importante.

            Todas aquelas coisas que depois que as tive, simplesmente as deixei para trás. O que era importante e,  posso dizer com toda certeza hoje, são nada mais que as pessoas, que por muito ignorei quando estava mais focado no ter. Como eu queria que meus filhos aprendessem tudo isso sem ter que passar na pele por tudo que passei. Deus, eu  choraria todas as lágrimas novamente para não ver estas minhas crias derramarem as suas.

            Mas  confesso, que isso não as faria crescer e aprender o que aprendi. Não sei mais o quanto tempo viverei nessa terra e tenho certeza que muito quero fazer por aqui. Mas a morte já não me amedronta, pois sei que deixei um pedacinho meu em cada uma dessas pessoas que me fitam com seu carinho.

Um novo amanhã chegará e eu estarei aqui, contemplando esse belo presente que ganhei, que é A VIDA. Tenho dito !