A decisão do prefeito Luciano Agra (PSB) desistir de disputar a reeleição, anunciada oficialmente através de uma carta aberta aos pessoenses (leia, abaixo, na íntegra), provoca grandes mudanças no panorama político desse período pré-eleitoral.
Surpreendente até mesmo para quem conhece o arquiteto que sempre levou uma vida à margem da vida partidária mais aguda, o anúncio de Luciano Agra, em sua essência, tem tudo a ver com o foro íntimo – que é o primeiro de todas as fontes das decisões humanas.
Para Luciano Agra, antes mesmo de entrar em campo, melhor mesmo é preservar a imagem que sempre cultivou em sua carreira pública, na maior parte dedicada a missões de caráter técnico. Seus valores de homem simples terminaram por determinar seu não ingresso numa seara onde o jogo sujo em boa parte das vezes impõe se colocar em risco o caráter e a própria história das pessoas.
O fato é que, se Luciano Agra não demonstra muito apetite para participar do embate político onde a verdade e os valores são sempre as maiores vítimas, torna-se plausível imaginar que sua decisão em concluir, com honra, um mandato que lhe chegou às mãos pela circunstância da renúncia do então titular do cargo que, hoje, exerce o cargo de governador do Estado, traz enormes embaraços para o grupo do governador Ricardo Coutinho (PSB).
Se falta estômago para Luciano Agra encarar uma campanha política onde o acirramento sem dúvidas vai espedaçar biografias, agora falta ao PSB uma decisão madura e acertada na escolha de um nome competitivo para a disputa do município mais estratégico do Estado.