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Blog do Vavá da Luz

Luciano Agra não aceita ser patrulhado na eleição

Nonato Guedes – [email protected]

 
O prefeito de João Pessoa, Luciano Agra, do PSB, tem deixado claro, em conversas com interlocutores diferentes, que não teme nem aceita patrulhamento por eventual preferência que venha a externar na disputa à sua sucessão este ano. Ele repete, com insistência: “Desde que desisti de concorrer à reeleição, estou livre no processo”. Agra não esconde preferência pessoal pela candidatura do jornalista Nonato Bandeira (PPS) e deixa escapar que não identifica infidelidade nesse gesto. Além de ter Bandeira como amigo pessoal, observa que o jornalista é secretário de Comunicação do governo Ricardo Coutinho, de quem Agra é aliado, e que o seu líder na câmara municipal é o vereador Bruno Farias, pertencente à mesma legenda de Bandeira.
O desabafo do alcaide foi feito diante de censuras veladas que lhe têm sido dirigidas por prestigiar eventos programados pela coordenação informal da campanha de Nonato Bandeira. Agra não tem tido o mesmo interesse em prestigiar eventos da pré-candidata do PSB, Estelizabel Bezerra, que foi lançada abertamente pelo governador Ricardo Coutinho após a sua desistência. Até há pouco, Estelizabel era secretária de Planejamento da administração municipal, tendo se afastado para cumprir o prazo legal de desincompatibilização previsto para postulantes a cargos eletivos no prélio vindouro.
Nonato Bandeira mantém interlocução frequente com Agra e fez questão de visitá-lo em seu gabinete, no Centro Administrativo Municipal, para tomar conhecimento dos projetos que estão em execução. Tiraram fotografias abraçados, e Bandeira disse ter ficado impressionado com programas que o alcaide vem empreendendo, diante da repercussão social que produzem, prometendo, se eleito, dar continuidade a tais projetos. O atual prefeito desistiu em meio a rumores não confirmados de que teria sido “rifado” numa reunião de aliados do governador, que teria marcado presença. Oficialmente, ninguém confirmou nem desmentiu as versões.
Na carta aberta ao povo da capital, em que anunciou a saída do páreo, Luciano ressaltou que, apesar de ter direito legítimo para postular a reeleição, preferia outro caminho. “Vou priorizar a gestão, o modelo administrativo, a continuidade de um projeto que vem mudando a face da nossa capital e que não pode ser interrompido, muito menos retroceder no tempo. Precisamos avançar no processo de mudança estrutural empreendido desde 2005 e, para isso, se faz necessário concentrar todos os nossos esforços na ampliação e consolidação deste modelo. Para concretizá-lo, é fundamental que eu dedique todas as minhas energias tão somente na parte administrativa”, sublinhou. O prefeito disse, ainda, que não é afeito ao jogo bruto da política, aos sofismas e frases de efeito para escamotear o que se pensa ou não falar a verdade. “Também não sou afeito à política do tapinha nas costas, da politicagem em geral. Sou um técnico, um planejador, um arquiteto. E tenho orgulho disso. Fui vítima de ataques frontais, de denúncias absurdas, tudo porque resolvi dedicar-me integralmente à administração, a cuidar bem da cidade e de seus habitantes”, teorizou.
 Fontes íntimas ligadas ao prefeito revelam que ele tem consciência do rigor da legislação eleitoral quanto a atos administrativos que possam favorecer, indiretamente, candidatos à sua vaga, e, da mesma forma, está atento à exploração que seus inimigos pessoais tentarão fazer para incriminá-lo, mas que não teme incorrer em abusos. Pelo tom que vai imprimindo, Agra dá a entender que está sendo orientado a investir em “factoides” que levem os inimigos ao desespero. Assim se deu com a polêmica da gratificação aos agentes de trãnsito que multassem infratores, item de um decreto que acabou sendo revogado diante do clamor geral e das reações de hostilidade contra os chamados “amarelinhos”. Na definição de um político que priva da sua intimidade, “Agra vai surpreender, mas positivamente, durante toda a campanha eleitoral; é só aguardar”.