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Blog do Vavá da Luz

JOAQUIM (Lúcio Flavio)

Lucio Flávio Vasconcelos é Doutor em História pela USP, professor da UFPB e atualmente Chefe da Casa Civil do Governo da Paraíba
Ele é negro. Traz na cor da pele o trágico estigma da escravidão, responsável por lançar milhões dos descendentes dos africanos às piores condições sociais no país. Seu pai, pedreiro. Sua mãe, dona de casa. Quando criança, o arredio Joaquim tinha um estranho e inusitado habito para um garoto da sua idade e origem social: devorar  livros. Lia de tudo, principalmente literatura e historia.
Seu orgulho em ser o que era para se transformar no que é hoje, era considerado arrogância. Estudou em escola publica, foi faxineiro em Brasília, fez concursos, galgou os principais cargos jurídicos pautado no esforço e competência. Nesses dias, quando fala com sua voz forte e grave as verdades que todos gostaríamos de dizer, os bem-nascidos, os que  estudaram em escolas privadas, aqueles que tiveram todas as chances, a começar com  a ausência da discriminação, se curvam diante das suas sentenças severas e equilibradas. Ele sabe se impor.
A condenação dos responsáveis pelo mensalão marca a historia do Brasil. Não só no aspecto jurídico, sustentáculo principal da democracia. Mas Principalmente no âmbito político, cenário privilegiado da realização dos nossos anseios utópicos.
Nunca se viu na nossa historia próceres da republica irem ao banco dos réus em bando, ou em quadrilha, como devem ser designados os criminosos em conluio. Também jamais vimos tanta coragem por parte de um juiz em enfrentar forcas tão poderosas. Tudo dentro da mais serena e respeitosa normalidade institucional. As penas serão brandas. Eles não ficarão na cadeia  o tempo que deveriam. Mas a justiça se fez. Como merecemos.
Depois desse julgamento histórico, o Brasil não será o mesmo. Aqueles habituados aos crimes políticos recuarão diante da lei. Eles Pensarão mil vezes antes de burlar os princípios legais. Saberão que, por mais que se considerem inteligentes e superiores, terão pela frente uma legião daqueles que, a partir de agora, se inspiram no exemplo de Joaquim Barbosa. Homem preto, de origem pobre, intolerante na medida certa e que soube ser um herói de carne, osso e, principalmente, dotado de um profundo senso de justiça. Ele realiza uma faxina ética na nossa política. Bom para o Brasil.