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João da Juventude, o jornaleiro (Fabio Mozart)

Este velhinho (o da esquerda) é meu pai intelectual, seu João Dias, nosso “João da Juventude”. Eu explico: João Dias era dono da única banca de revista de Itabaiana nos anos 60/70, a “Juventude”. Antes de continuar, dou a palavra ao compadre Tião Lucena:     
“Quem, das antigas, não se lembra de Durango Kid e Zorro, aquele amigo do Tonto? Os dois mascarados fizeram a alegria da meninada dos outrora. Eram heróis limpos, que jamais perdiam uma batalha e sempre deixavam uma mensagem de alegria e bons exemplos aos que se tornavam seus fãs.”
E segue pelo mundo do faroeste antigo, o universo gostoso, salutar, glorioso e construtivo das revistas em quadrinho, os “gibis”. Era na banca do João Dias que a gente se abastecia dos exemplares de Zorro, Recruta Zero, Tarzan, Tio Patinhas, Mickey, Capitão América, Batman, Gasparzinho, X-man, Mandrake, Fantasma, Asterix, Luluzinha e tantas outras. Aprendi a ler nos gibis. A gente lia, copiava os desenhos, colecionava, trocava por outras revistas. Participar da feira de trocas na frente do cine Ideal era quase tão gostoso quanto ler os gibis. 
Graças à generosidade do João Dias, a gente comprava gibis fiado. “A Juventude” era o templo do prazer intelectual de minha geração.
João Dias é um gentleman, uma pessoa cordata, amiga, sempre com um sorriso amável. Esse cavalheiro foi o melhor dançarino nos bailes soçaites do Itabaiana Clube. Amava o futebol. Representa uma Itabaiana elegante, com o charme de uma província que se orgulhava de suas riquezas imateriais, seus artistas, seu estilo de vida sadio. 
Nem sei se nosso João ainda habita este mundo. A última vez que o vi, sofria com o mal de Alzheimer. Sua mente tem apagões, momentos de lembranças, a maioria do tempo mal sabe quem é. De certa forma, é bom mesmo que não tenha que ver em perspectiva o valhacouto em que se transformou sua querida Itabaiana.
Nota do editor: Conheço João Dias desde os os meus 14 anos quando vinha ele buscar a Revista o Cruzeiro e outras das quais era reprensentante absoluto o Sr Severino Gois, meu Tio, além de fisicamente ser um camarada bonito, é como bem o diz o texto acima, um Gentleman, um Lord, acrescento eu. Depois que voltei ao Ingá ele sabedor do fato ainda visitou-me por uma ou mais vezes como que resgatando os bons e saudosos tempos, coisa que não retribui por pura ingratidão, sem defesas.
Aqui segue esta republicação do Gênio Fabio Mozart como prova de minha eterna gratidão e reconhecimento do direito de ter conhecido, convivido e desfrutar da amizade de João Dias.
vavadaluz

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