Pular para o conteúdo

Blog do Vavá da Luz

E TOME POESIA DE RENA BEZERRA, O POETA DE SÃO JOSÉ DE PRINCESA

O SABUGO.

 

I

Era finalzim de ano

Quando se deu esse fato,

A filha de Anunciada

Com o rapagão de Zé Gato,

Partiram pro Livramento

Pra se unir no casamento

Deixando o assunto exato.

 

II

E eu fui para a festança

La na Serra do Brejinho,

Comer carne de capão

defumado de tocinho,

Botei pegado na mesa

Das carnes e da sobremesa

Provei de tudo um pouquinho.

 

III  

Depois de tanta comida

Me despedi dos demais,

Já sai com umas cólicas

Uns arrotos por detrás,

Um vento na retaguarda

Igual pólvora de espingarda

Com cheiro e gosto de gás.

 

IV

Num deu nem tempo chegar

No matim da minha casa,

Quando caganeira vem

É ligeiro não se atrasa,

A cachoeira deságua

Naquele merdeiro d’água

E o aro queimando em brasa.

 

V

Fiquei ali mais de hora

Fui até esvaziar,

O poço do intestino

Que teimava em não parar,

Mas com um tempo parou

Foi aí que me faltou

Papel para se limpar.

 

VI

Como a noite estava escura

Caquiei pelo munturo,

Peguei num bicho redondo

Arranhento e meio duro,

Mas já tava bom demais

Botei o bicho pra trás

E comei limpar o furo.

 

VII

Eu limpo com esse bicho

Em casa eu lavo e enxugo,

O negócio é se limpar

Sem olhar para o refugo,

Nisso uma estrela reluziu

E eu vi o que me serviu:

Era o diabo dum sabugo.

 

VIII

Quem já ‘obrou’ no matinho

Não me venha com etiquetas,

Dizer que não se serviu

Com checho, folha ou paletas,

Papel jornal ou mulambo

E depois suspirar bambo

Num festival de caretas.

 

IX

Dessa festança tão boa

Duas coisa eu não esqueço,

Da comilança sem freio

Que meu causou um tropeço,

A outra é do sabugo

Que removeu o refugo

Sendo amigo a qualquer preço.

 

Rena Bezerra

 

 

 

26/12/12

Não é possível comentar.