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E EU , vOU TOMAR UMA ADONDE ?

No São João de Campina turista só vai poder beber cachaça “papuda”

Nem Volúpia, única paraibana que “fez sucesso na Playboy sem precisar tirar a roupa”; nem Rainha, a mais forte e tradicional da Paraíba; nem Serra Limpa, a que está na lista da Veja como uma das 10 melhores do Brasil. Muito menos Caranguejo, o “aperitivo nacional”. E nem Triunfo, Matuta, Três Cacetes, São Paulo, Maribondo, Serra Preta…

Até as nossas nacionalmente premiadas ‘branquinhas” serão vetadas este ano. 

A partir de sexta-feira, sete de junho, e até o domingo sete de julho, n’O Maior São João do Mundo essas e todas as outras marcas paraibanas de cachaça estão proibidas em qualquer um dos eventos programados para a mega-festa pela Prefeitura Municipal de Campina Grande.

O nativo e o turista, se quiserem beber a branquinha ou mesmo tomar uma caipirinha genuinamente brasileira, só terão uma opção: Ypioca, a cachaça cearense recentemente comprada pela multinacional que fabrica o uísque Johny Walker, um dos patrocinadores máster da festa de Campina Grande. 

Os out-door’s já estão espalhados: em Campina, só Ypioca.    

No Parque do Povo, por exemplo, epicentro d’O Maior São João do Mundo, nenhuma outra cachaça – nem mesmo as dos vizinhos Estados, como a pernambucana Pitu – poderá ser exibida nas prateleiras das barracas ou pavilhões e nem tampouco entrar pelas roletas das diversas portarias, onde seguranças estarão instruídos para apreender qualquer outra que eventualmente possa vir a ser trazida por algum atrevido visitante ou mesmo filho da terra. Sem melhor idéia, até a 51, que em anos anteriores teve pequenas cotas de patrocínios, ficará de fora. 

NEM EM GALANTE E NEM NO TREM

No trem do forró, que na versão 2013 ganhou o complicado nome de “locomotiva forrozeira”, e em Galante, onde os turistas levados pelo trem dançarão forró, cachaça só Ypioca e estamos conversados.  

Para representantes de bebidas patrocinadoras da festa, as expectativas de vendas são as melhores possíveis, segundo informa a Coordenadoria de Comunicação da PMCG. Na opinião de Emerson Souza, representante da Diageo, distribuidora da Ypioca, o São João de Campina Grande é uma excelente oportunidade de negócios. “Tenho experiência nesse tipo de patrocínio dentro de eventos juninos e posso garantir que estar em Campina Grande, no Maior São João do Mundo, é uma oportunidade excelente para o empresariado”, disse.

Outro representante da Ypióca, Anderson Lucena, que participou com coordenadores da festa de reunião no Teatro Municipal para passar recomendações aos barraqueiros e donos de pavilhões, a empresa sempre teve intenção de participar do evento e agora investirá bastante. A expectativa é de boas vendas durante os trinta dias, com incremento entre 20% e 30% do consumo entre a quinta-feira e o domingo, percentual que deverá superar os 50% em algumas ocasiões, a exemplo das vésperas e dias de São João e São Pedro.

A aquisição da Ypióca pela Diageo vai permitir que a dona do Johnnie Walker consolide sua presença na região Nordeste do país e aumente em 20% o volume de vendas no mercado brasileiro, daí a opção pelo patrocínio ao Maior São João do Mundo e a cláusula contratual de proibição que marcas do próprio Estado possam comercializar seus produtos na festa.

Segundo Otto von Sothen, presidente da companhia inglesa no Brasil, Uruguai e Paraguai, a operação foi uma oportunidade única de fortalecer a presença da Diageo no mercado brasileiro. 

“A marca Ypióca vem crescendo a uma taxa média de 13% nos últimos anos, bem acima do setor de cachaça como um todo no país. Com a operação, temos chance de expandir nosso portfólio no Nordeste e levar a Ypióca para outras regiões do país”, disse Sothen, em resposta a questionário d’A PALAVRA enviado por e-mail.

Atualmente, 70% das vendas da Ypióca estão concentradas na região Nordeste, mais especificamente no estado do Ceará. A região é também a maior no consumo de uísque da Diageo, responsável por 40% das vendas da companhia no país.

“O Nordeste será nosso principal mercado no Brasil. Hoje, a Ypióca distribui para cerca de 250.000 pontos de venda e boa parte deles estão concentrado na região. No longo prazo, queremos usar essa malha para outras bebidas do nosso portfólio”, afirmou o executivo.

FISCALIZAÇÃO SERÁ RIGOROSA

“Estamos investindo na captação de mais recursos para o Maior São João do Mundo”, informou Kleyton Félix, diretor da pernambucana Aliança Comunicação e Cultura, empresa contratada para esse trabalho.

 “A intenção da Aliança é que haja uma maior organização neste evento. Para isso foi desenvolvido um projeto de fiscalização para que os patrocinadores sejam valorizados. A meta é investir ainda mais no evento, garantindo ao patrocinador exclusividade nos seus produtos, deixando-os satisfeitos e garantindo suas presenças e investimentos em outras edições. Tudo isso ajuda a cidade e também seus moradores”, declarou.(Marcos Maivado Marinho)