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DUNGA JUNIOR SE DESPEDE DA ASSEMBLÉIA COM UM BELO PRONUNCIAMENTO

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Em seu discurso, Dunga Júnior faz um balanço positivo das atividades desenvolvidas no Legislativo Estadual. Ele disse que ao longo do seu mandato conseguiu aprovar projetos de relevância para a sociedade paraibana, tendo conseguido, inclusive, o reconhecimento do Senado Federal por sua contribuição.

Dunga Júnior destacou também a experiência que vivenciou na Assembleia como deputado situacionista e de oposição. O parlamentar ressaltou que durante os quatro anos como deputado nunca fugiu de seus ideais e sempre procurou dar o melhor de si na Assembleia. “Pude saber o que é ser Governo e Oposição numa só legislatura, sem trair meus propósitos, sem me vender ao poder e sem ferir meus ideais, mas ferido pelo mando de uma decisão judicial injusta”, afirmou.

Para Dunga Júnior, a  real função dos parlamentares ainda não é bem compreendida pela população, que se acostumou a existência de uma cultura assistencialista.

Confira na íntegra o discurso do deputado Dunga Júnior:

Há quatro anos fui eleito Deputado Estadual por mais de 20.000 paraibanos com um único propósito: lutar e defender os princípios e o desenvolvimento do nosso Estado, fazendo então parte da bancada governista na Casa de Epitácio Pessoa.


Muitos são os sonhos e as ideias, muitas são as demandas existentes no Estado e na Casa. Procurei no cenário do parlamentar e do legislador dar ênfase a um mandato que buscasse fortalecer o Parlamento e o Legislativo e cujo foco principal fosse discutido sempre no Colegiado e proposto à apreciação dos paraibanos para posterior decisão do mesmo Colegiado.

Há ainda uma cultura natural da sociedade de hoje, que busca no parlamentar uma atuação direta com caráter de executivo, tornando essas ações clientelistas e assistencialistas, encontrando-se diariamente este tipo de busca da sociedade nos gabinetes dos parlamentares. Por mais que se propague o erro desse modelo, ele ultrapassa o período eleitoral e invade por décadas o processo como um todo, causando dano à sociedade que se constrói com um escopo desenvolvimentista.

Esse talvez tenha sido um fato que levarei comigo para outra discussão, mais adiante, pois destacar que presidir a Comissão de Saúde da ALPB onde, em parceria com a Divisão de Psicologia pudemos atender demandas dos portadores de Alzheimer, Esclerose Múltipla, Anvisa e Agevisa, Agentes Comunitários de Saúde, foi essencial para aprimorar discussões temáticas de profundo interesse social, que trouxeram grandeza e conhecimentos para o plenário da Casa.

No âmbito da Comissão de Orçamento tivemos a possibilidade de discutir o crescimento orçamentário do Estado, as demandas da sociedade nas audiências públicas de 2007, 2008, 2009 e, ainda, na Frente Parlamentar da Micro-Empresa, pudemos debater a implantação da Lei Geral da Micro-Empresa no Estado da Paraíba.  Na Frente Parlamentar do Turismo – Parlatur discutimos a interiorização das ações do Turismo.

Participar dos embates em defesa da UEPB, dos agricultores, da Cultura e dos próprios funcionários da Assembleia me levaram a refletir quanto ao dever cumprido com o trabalho do Parlamento, mesmo que a sociedade e os próprios beneficiados não compreendam, em grande parte, que isto tudo faz parte verdadeiramente de uma produção parlamentar e uma construção legislativa.

Na aprovação de Projetos de Lei, destaco o reconhecimento nacional, obtido através do Prêmio Legislador 2008. Dentre os 1.059 deputados estaduais do Brasil, orgulho-me haver sido um dos 26 agraciados, graças à apresentação do PL nº 8.404/2007, que dispõe sobre a obrigatoriedade de realizar exames médicos periódicos em alunos matriculados no ensino fundamental e médio com o objetivo de detectar patologias, logo aprovado e transformado na Lei 8.404, vindo de uma demanda da Cidade de João Pessoa, onde um estudante havia sido vitimado após um esforço numa piscina de uma escola pública.

A isenção de taxas para as doadoras de leite materno quando da inscrição em Concursos Públicos na Paraíba, bem como no Vestibular da UEPB, foi alcançada através do Projeto de Lei nº 233/2007, transformado na Lei nº 8.483.

A emissão das carteiras estudantis da rede pública e particular de ensino do Estado da Paraíba com informações sobre os tipos sanguíneos e problemas de saúde como cardiopatia e alergias dos estudantes, prevista no Projeto transformado na Lei Estadual nº 8.948, visa garantir uma maior agilidade no pronto-atendimento médico-hospitalar.

Esses são alguns exemplos dos passos dados que significaram para mim marcas e para a sociedade uma contribuição do nosso trabalho.

Um dia fazer parte da bancada governista e no outro na de oposição, será marco histórico para todos nós paraibanos, que presenciamos um ato de penalidade não só para o governador Cássio Cunha Lima, mas um ato de penalidade para o Estado da Paraíba, que passou a ter interrompida a vontade do povo, expressa nas urnas pelo livre direito do voto.

O Estado que caminhava com índices de crescimento e desenvolvimento comprovados em números, que passava por um de seus melhores momentos, econômico e social, se viu de volta com medidas antigas e arcaicas, práticas de atos de puro “coronelismo implantado”. Voltaram à cena o “mando e posso”. As obras paralisadas nas cidades do interior por mero interesse político, pessoas afastadas de seus empregos com mais de duas décadas de vida pública… Era a Paraíba de guerra e atraso reinando. O Parlamento tem ares de mudança e ventos oeste… Os debates se acaloram.

Pude saber o que é ser Governo e Oposição numa só legislatura, sem trair meus propósitos, sem me vender ao poder e sem ferir meus ideais, mas ferido pelo mando de uma decisão judicial injusta.

Destaco no Parlamento a coragem e atos de grandes companheiros, tendo no presidente Artur Cunha Lima um referencial na condução de um momento de crise; no líder Ricardo Barbosa cenas que ficaram marcadas pela coragem e ousadia. Os embates que muitas vezes saíam do proposital para o pessoal, estes quero deletar da memória RAM.

Levarei comigo esperanças de dias voltados para a discussão do bem maior que é a Paraíba, que exista, e exista sempre, o contraditório, pois ele é parte de um processo democrático, mas que seja pleno de sabedoria e ética.

Que o Governo Ricardo Coutinho possa realizar no Estado da Paraíba uma gestão planejada e voltada para o povo, como o fez em João Pessoa e onde hoje o prefeito Luciano Agra executa com bom senso e determinação.

Agradeço a Deus pelo cumprimento do dever com os paraibanos; agradeço a meu pai Carlos Dunga, incentivador e referencial meu, sempre respeitando o meu próprio contraditório; agradeço a Cássio Cunha Lima pelo incentivo, acompanhamento dos dias difíceis e até do batismo do então Dunga Jr.; agradeço a meus advogados, que além de profissionais foram amigos e até irmãos; a todos que fizeram parte de meu Gabinete, aprendemos, lutamos e vencemos juntos; à Imprensa da Paraíba eu digo que valeu o acompanhamento e a crítica; aos funcionários da ALPB, grato eternamente; aos quase 4.000 seguidores das redes sociais Twitter, Orkut, Msn, é bom demais estarmos juntos; aos municípios de Alcantil, Boqueirão, Caturité, Riacho de Santo Antônio, Pedra Branca, Queimadas, Campina Grande, Barra de Santana, Aroeiras, Umbuzeiro, Riacho dos Cavalos, Pombal, Taperoá, Juazeirinho, Barra de São Miguel, Mogeiro, Cabaceiras, meu carinho e atenção sempre.

Hoje se encerra um mandato parlamentar e passo agora, dentro das condições de cidadão comum, a exercer ainda com mais rigor e zelo, a representação das vontades e esperanças do povo de minha Paraíba.

Medo nunca, princípios sempre.

Ana, Pedro, Artur, Ana Carla e Ana Beatriz cheguei, estou em casa.

Paraibanos, até breve.

Obrigado!