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Blog do Vavá da Luz

DEIXA OS PEITOS BALANÇAR…


                                                                                                                                MARCOS SOUTO MAIOR (*)

                                               Já se foi o tempo em que a rapaziada ficava até altas horas da noite, entrando na madrugada, para ficar em frente à televisão vendo as beldades das escolas de sambas do Rio de Janeiro, na passarela do samba na Avenida Presidente Vargas, e o mulherio de tradicionais bailes dos clubes fechados, com os peitos desnudos, em ligeiro balanço carnavalesco.

                                               O luxo, o brilho e os acordes musicais das apresentações figuravam num segundo plano, desviado pela provocante sensualidade e delírio das mulheres seminuas do tradicional carnaval de rua.

                                               Falar nisso, foi à saudosa revista O Cruzeiro, que abriu generosos espaços coloridos, com as fotos de nudez natural, da índia Diacuí, figura emblemática descoberta pelo sertanista Ayres Câmara da Cunha, por quem se apaixonou para, de forma solene e formal se casaram sob o patrocínio, do então poderoso, Diários Associados. 

                                               Eu era menino, por volta dos anos 52 a 53, despertando a atenção às preparações do casamento, religioso e civil, de uma índia com um homem de fora da aldeia, quando a população indígena no país era considerada dependente do Estado!

                                               Com direito à utilização de salão de beleza, roupas modernas, com direito a lua de mel de fazer inveja a muitas mulheres brancas e, o triunfal retorno ao Xingu. Foi um sonho participado pela grande maioria dos brasileiros da época, com cerca de dez mil pessoas se comprimindo nas dependências da Igreja da Candelária, no Rio, sob as vistas do poderoso padrinho, saudoso empresário e jornalista paraibano, Assis Chateaubriand.

                                               A polêmica alcançou ares de uma bem nutrida novela da vida real, com um ano de excelente cobertura jornalística da revista O Cruzeiro, entretanto, com final trágico e triste, com a morte de Diacuí, durante o parto da sua filha igualmente chamada Diacuí. Foi em 10 de agosto de 1953, com apenas vinte anos de idade, numa aldeia Kalapo, às margens do rio Culuene, no território do Mato Grosso.

                                               Pois bem, os seios naturais da indiazinha Diacuí, deixaram a gurizada e muitos velhos enxeridos, a babarem em frente às páginas e páginas da maior revista brasileira da época.

                                               Sem dúvidas, foi um procedimento de aculturação, isento da participação de questionamentos administrativos e jurídicos e, sem arranhar a proteção que, ainda hoje, o Brasil mantém para com os primitivos habitantes da nossa terra.

                                               Voltando ao tema, imagino que os belos seios da índia Diacuí inspiraram as demais mulheres brasileiras a se mostrarem, com o início da desejada emancipação, inspirando à confecção de grandes grifes com a invenção do biquíni, e muitos destes, com o nome da nossa heroína.

                                               A nudez das musas do carnaval, com fortes dosagens de silicone e valorizando o volume, exagerou para atingir as raias da sofisticação, desfigurando os seios e trocando a sensualidade pelo deboche. Aliás, hoje desprezaram os seios e valorizaram o bumbum da mulherada, com direito a concursos de beleza.

                                               Confesso que sou fã incondicional dos belos e naturais seios, e que continuem no suave e cadenciado balançar, para alegria e glória dos homens de bom gosto!

 

(*) Advogado e desembargador aposentado