Por muitos anos, o ministro Joaquim Barbosa foi visto para os Cunha Lima como um carrasco impiedoso. Hoje, ao rejeitar os agravos de Wilson Santiago e reiterar autorização para posse de Cássio no Senado, o ministro virou quase um santo para mais de um milhão de paraibanos, protagonizando o processo de beatificação mais rápido da história do Brasil. Corre o risco de ganhar um busto na Praça da Bandeira e, quiçá, imagem na frente da Catedral.
A decisão de Barbosa provocou duas simultâneas sensações entre os paraibanos.
Ao tempo em que dizem “ufa, até que enfim Cássio vai assumir!”, completam a reflexão com “eita, agora a coisa vai mudar!”.
A tese de que Cássio será outro vem, necessariamente, de duas fontes.
Do coração apaixonado dos cassistas e da mente criativa da oposição. Uns querendo se impor diante do governador Ricardo Coutinho, como se fosse preciso medir forças políticas antes do tempo. A outra querendo apenas fomentar a separação de duas forças que juntas derrubaram a “Era Maranhão”.
Uma é emocional. A outra racional. Ambas, digamos assim, precipitadas.
Empossado senador agora, Cássio agirá da mesma forma que agiria se empossado em janeiro de 2011. Papel de colaborador do governo do Estado em Brasília, de porta voz das necessidades da gestão. Não fazer isso seria negar o que ele próprio prega: um estado diferente.
O tucano sabe que seu papel é o de construção e não de desconstrução.
Bobinhos, Cássio agiria como “estadista” mesmo se o governador fosse Maranhão. Quebrará a cara quem pensar que ele vai, depois que colocar o broche de senador no paletó, empurrar a porta de Ricardo Coutinho e bater na mesa dizendo: “Agora você vai ver!”.
Muito pelo contrário. Com mandato é que Cássio vai querer mostrar que é “bom” pra Paraíba. Até pra romper em 2014 ser aliado agora é a melhor estratégia.
O resto é desejo.
Quanto a Ricardo Coutinho, também se engana quem acha que ele tratará Cássio diferente porque o tucano vai virar senador. Não foi à toa que incluiu na agenda do governo de forma contundente a bandeira de um Cássio sem mandato pela AACD em Campina.
Por outro lado, ele vai continuar desmanchando aquilo que Cássio fez como governador se assim achar conveniente.
Quem conhece o Mago sabe que ele é um só e trata suplente de vereador em Uiraúna com a mesma intensidade que trata um senador da República. O que diferencia um do outro pra Ricardo é o grau de lealdade.
Luís Tôrres
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