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CLUBE DE HISTORIA EM : Rumo ao amor: o que sonho

Rumo ao amor: o que sonho
Hoje em dia, são muitos os que se conformam com a mentalidade deste tempo,
e tantos outros os que experimentam arduamente rebelar-se.
Pensei sempre que estas duas dimensões não servem de muito.
Sufoco quando uma forma está fechada ou quando a rebelião é feita de palavras
sem gestos.
A amendoeira primeiro dá flores e depois os frutos, recordando-me que, se na
minha vida quero ver frutos, primeiro tenho de florir. Recorda-me que o futuro
depende daquilo que soubermos fazer no presente, que não devemos encerrar o
passado, mas conduzi-lo até ao futuro, nem combater o futuro, mas encontrá-lo,
prepará-lo em nós.
O futuro pertence àqueles que são constantes, àqueles que procuram direcionar
as forças para antecipar a mudança que gostariam de ver neste mundo. Dizia Giovanni
Vannucci: «É necessária uma vida muito severa, muito austera, muito generosa, para
não se ser tomado pelo vórtice das coisas, para encontrar a posição apropriada que
permita à nossa terra mental ser fecundada por aqueles gérmenes que estão no ar,
mas que descem apenas onde encontram uma terra fértil, uma terra que não esteja
fechada com portas e janelas».
Creio que esta crise que hoje vivemos, aliás como qualquer outra, não nos vai
fazer mal, evitar-nos-á antes o pior. E o pior é permanecer à superfície das coisas. Por
isso, penso que a hora presente, apesar das afirmações de muitos pessimistas, oferecenos uma grande oportunidade.
Nesta estação difícil devemos ter olhos atentos aos sinais que estão dentro dos
dias invernosos, saber colher aquilo que nasce da passagem para a primavera. Nunca
nos devemos desesperar, mas escutar a voz subtil que fala na noite, quando todos os
rumores se calam. Devemos vislumbrar os sinais que possuam a transparência da
aurora original, a luminosidade de uma ternura sobrenatural.
Há no ar um otimismo sem esperança, um medo agressivo que não sabe usar as
contrariedades deste tempo. O mundo não se vence destruindo-o, mas abraçando-o.
Viver não é só um crescimento contínuo, mas é também a capacidade de aderir à vida,
apesar daquilo que a contradiz: os seus medos, as suas crises, os seus momentos de
aparente esterilidade. Viver é sair de todo o fechamento para um espaço aberto de
liberdade.
«Há no mundo muita imundície, mas há sabedoria no facto de muitas coisas no
mundo cheirarem mal: mesmo a náusea faz nascer as asas e cria energias pressagiosas
de mananciais» (Nietzsche).
Nós tendemos a simplificar a realidade porque é mais cómodo. Dividimos
claramente o bem do mal, quem está dentro ou quem está fora, quando devíamos ter
olhos astutos que prevejam os indícios e não se assustem diante da complexidade.
É preciso compreender este tempo, é preciso estender o ouvido e ficar à escuta
da polifonia das suas mensagens muitas vezes contraditórias.
Há instantes que tornam novo o mundo não tanto porque acrescentam alguma
coisa de novo, mas porque mergulham até à origem, onde a diversidade é harmonia.
«O mundo move-se se nós nos movermos, transforma-se se nós nos transformamos,
faz-se novo se o ser humano se faz nova criatura, barbariza-se se desencadeias o pior
em ti. A ordem nova começa se alguém se esforça por se tornar um ser humano novo»
Nesta estação difícil devemos ter olhos atentos aos sinais que estão dentro dos
dias invernosos, saber colher aquilo que nasce da passagem para a primavera. Nunca
devemos desesperar, mas antes escutar a voz subtil que fala na noite, quando todos
os rumores se calam, contemplar as estrelas, para compreender o caminho a seguir e
estar presente quando o amor despertar.
«O mundo move-se se nós nos movermos, transforma-se se nós nos
transformamos, faz-se novo se o ser humano se faz nova criatura, barbariza-se se
desencadeias o pior em ti. A ordem nova começa se alguém se esforça por se tornar
um ser humano novo», disse Primo Mazzolari.
Não é fora de nós, mas dentro de nós que alguma coisa pode mudar.
E nunca será em vão termos esperado e desejado a aurora de algo de novo.
Luigi Verdi