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Blog do Vavá da Luz

CLUBE DAS HISTÓRIAS EM : Um enorme mau humor

Um enorme mau humor
George estava num DAQUELES dias.
O tipo de dia em que afirmava aos gritos “NÃO penses que vou brincar de forma gentil!”
Em que batia com o pé no chão e dizia “NÃO empresto os meus brinquedos!”
Um dia de NÃO VOU, NÃO POSSO, NÃO QUERO!
A mãe de George suspirou:
— Anda por aqui um mau humor muito grande…
George olhou em volta e não viu nada perto dele.
O que significava que o tal mau humor devia estar noutro lado…
Espreitou debaixo da cama. NÃO estava lá nada.
Espreitou por detrás do armário dos brinquedos. NÃO estava lá nada.
Espreitou no fundo do jardim. NÃO estava lá nada.
Como não conseguia encontrar o mau humor, George ficou ainda mais mal-humorado.
Então, bateu com os pés no chão até mais não poder.
De repente, o Enorme Mau Humor apareceu diante dele.
Era uma figura curiosa. Rugoso como lixa e a cheirar a peúgas MUITO mal lavadas.
— SOU O ENORME MAU HUMOR. A MINHA tarefa é transformar TODA A GENTE em
pessoas más e mal-humoradas. Tenho a certeza de que PODES ajudar-me.
O Enorme Mau Humor pegou na mão de George e lá foram eles semear a discórdia.
Em primeiro lugar, o Enorme Mau Humor mostrou a George como se
fazia a FAMOSA SANDUÍCHE MUNDIAL DO ENORME MAU HUMOR.
Levava uma maionese feita de aranhas bem patudas e de vermes bem
fininhos. A acompanhar o Queijo, as Azeitonas, a Mostarda, os Pickles, as
Cebolas e o Presunto, havia uma mistura de perninhas de lagarta, mas sem
pelos.
Em seguida, vestiram os 17 cães de vizinha com as melhores roupas e
chapéus, o que deixou a senhora e os animais num enorme mau humor.
Depois, George e o Enorme Mau Humor trocaram
os bancos de jardim por trampolins, o que fez com que as
senhoras idosas neles sentadas se pusessem aos saltos.
Chegaram mesmo a encher uma piscina local com geleia e
leite-creme, que puseram toda a gente de enorme mau
humor.
— BRILHANTE! — gritou o Enorme Mau Humor.
— Devíamos fazer isto a toda a hora!
Contudo, George começou a pensar que ser SEMPRE uma pessoa má e mal-humorada não
tinha graça. Pelo contrário, era disparatado e muito cansativo.
E, o pior de tudo, era que George estava a fazer os seus amigos muito infelizes…
Será que queria fazê-lo para sempre?
— Não quero continuar a fazer isto — disse ao Enorme Mau Humor.
— NÃO O QUÊ? E PORQUÊ?
— Porque ninguém vai querer brincar comigo agora — respondeu George.
— Lá de onde eu venho, ninguém se preocupa com os amigos.
— Mas é boom ter amigos! — exclamou George.
— Discordo completamente!
Dito isto, o Enorme Mau Humor foi embora.
George não o seguiu.
Em vez disso, limpou o quarto de cima a baixo e disse:
— DESCULPEM!
E todos brincaram felizes durante a tarde.
De vez em quando, George ainda tem um dos seus momentos de enorme mau humor.
Mas, na maioria das vezes, sente-se muito mais tranquilo…
Tom Jamieson
The big bad mood
London, Bloomsbury, 2017
(Tradução e adaptação)