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Blog do Vavá da Luz

CHICO PINTO EM : Varre,Varre Vassourinha

VARRE, VARRE VASSOURINHA

Chico Pinto e Vava da Luz

O julgamento do “mensalão” pelo Supremo Tribunal Federal,  além de levar ao “patíbulo da moralidade pública”,  de uma só vez, 38 “sacripantas” do dinheiro do contribuinte, permitirá que o País reflita com maturidade a relação dos falsos políticos com o mundo da corrupção. 

 

Nesse julgamento histórico, conforme assegura  o Ministério Público Federal, o esquema ocorria “entre quatro paredes do palácio presidencial”, comandado por Zé Dirceu, ex-chefe da Casa Civil, acusado de ser o chefe da quadrilha.  

Durante todo o processo do julgamento – que levará dias – o cidadão brasileiro irá refletir que a corrupção é algo inaceitável porque é roubo, roubo de recursos retirados do bolso de cada brasileiro que paga impostos. Mais do que isso, esse recurso desviado deixa de ser aplicado em serviços públicos importantes, a exemplo da saúde, que salva vidas.

Cada real que sai de nossos bolsos e vai para o bolso de um corrupto deixa de ser utilizado para atender pessoas em hospitais públicos, em emergências, em postos de saúde. Medicamentos deixam de ser comprados para serem distribuídos à população, crianças não têm acesso a um ensino de qualidade, e um sem número de serviços deixam de ser providos pelo governo, com impacto muito negativo na vida de todos nós.

 

A corrupção é inaceitável e revoltante, mas é importante lembrar, que o desvio de verbas públicas e o financiamento ilegal das campanhas eleitorais não são exclusividade do PT, Partido cuja moralidade duvidosa,  está sendo esmiuçada no pleno do STF. 

 

A corrupção no Brasil não poupa nenhuma convicção política. O País ainda é o 73º país no ranking da ONG Transparência Internacional, com uma nota de 3,8. Os países menos corruptos apresentam média de 9,5 pontos.

 

A corrupção é algo recorrente na história do País. A estreita relação dos políticos brasileiro –  com as suas devidas exceções – com o mundo da corrupção é secular. A história registra que o ex-prefeito e ex-governador de São Paulo, Adhemar de Barros, tornou popular a expressão “rouba, mas faz”.  Também consta nos  anais da memória dos brasileiros que a construção de Brasília também é evocada como símbolo da aliança entre empreiteiras e o poder público. 

 

            A promiscuidade da maioria dos políticos brasileiros com o mundo da corrupção é algo tão recorrente que durante a campanha presidencial de Jânio Quadros, em 1961, ele já prometia varrer a corrupção do país com a sua vassourinha. 

 

A luta de Jânio contra a corrupção não somente deixou de surtir efeito como também não evitou o Golpe de 1964, que deu início ao período de 21 anos, durante o qual o Brasil seria governado por militares e testemunharia as obras faraônicas do “milagre brasileiro”, representado pela combinação entre Estado e empresariado.

 

Brasil reviveu uma época de esperança de se livrar do fantasma da corrupção endêmica durante a redemocratização, na qual as instituições democráticas foram reforçadas, além da criação da Constituição de 1988. Toda essa esperança viria por água abaixo por causa da bandalheira verificada no governo Fernando Collor de Mello, cujo desfecho é do conhecimento de todos:  o impeachment do presidente.

 

Quem também não se recorda que o mandato do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, também foi manchado pelos supostos favorecimentos para enriquecimentos ilícitos durante a onda de privatizações no país e o famoso caso da compra de votos para aprovar a emenda  que autorizava a reeleição do Chefe de Estado.

Por isso, o resultado do julgamento do mensalão será mais do que um simples veredicto. Será importante para a História dos brasileiros.