Pular para o conteúdo

Blog do Vavá da Luz

CHICO PINTO EM : O Brasil bate mais um recorde, o da corrupção

 

 Chico Pinto

Adoro o meu o meu país, mas me sinto tentado a repetir o que já publiquei neste espaço por diversas vezes: o meu Brasil não é um país sério, é um país do cambalhacho, das mutretas e o que é pior da impunidade. Rouba-se o dinheiro público aos montões, escamoteiam as verbas da saúde, da educação, da moradia, do remédio, das estradas e até mesmo do leite das crianças. Os encândalos se repetem a cada dia e já viraram rotina no cotidiano dos brasileiros.
Para se ter uma idéia basta verificar a manchete da Folha de São Paulo desta segunda-feira, primeiro dia útil de 2012, que diz:  “PF flagra desvio recorde de recursos públicos em 2011”. Acrescenta o jornal que “operações da Polícia Federal flagraram o desvio de R$ 3,2 bilhões de recursos públicos em 2011, dinheiro que teria alimentado, por exemplo, o pagamento de propina a funcionários públicos, empresários e políticos.
O valor é mais do que o dobro do apurado pela polícia em 2010 (R$ 1,5 bilhão) e 15 vezes o apontado em 2009 (R$ 219 milhões)”. A dimensão da roubalheira é tanta que chega a ser equivalente a toda economia produzida no ano passado na Bolívia.
Diante dessa roubalheira toda quem sofre as consequências é a população brasileira, principalmente aquela que se ressente da falta de serviços de qualidade por parte do Estado. Enquanto isso, os ladrões do dinheiro do contribuinte se “empastelam” pelo mundo afora com o produto do roubo sem piedade ou dor na consciência. Melhor, ainda, certos de que a nefasta forma de agir, de abocanhar o dinheiro público, em vez de ser reprimida, poderá ser repetida quantos vezes desejar. Acreditam piamente na impunidade.
Os larápios  sabem de cor e salteado que  o combate à corrupção no Brasil está fragilizado. As leis do país são insuficientes e a “cabeça dos juízes” está condicionada para soltar os criminosos. A cada dia que se passam eles aprimoram os métodos de roubar sempre com o apoio de políticos desonestos e a conivência de servidores corruptos.
Fazem com a certeza de que tudo dará certo já que também contam com a passividade da sociedade que, acostumada a tanta bandalheira, já não se apercebe ou se surpreende com tamanha falta de vergonha. Virou  banalidade! E até mesmo o corrupto não tem a mínima percepção de risco, pois já se costumou com essa passividade. Os corruptos também já se aperceberam de que o excesso de recursos permitidos pela legislação penal no Brasil afasta o risco de punição.
Na opinião de Claudio Abramo, diretor da ONG Transparência Brasil, “um dos pontos mais vulneráveis à corrupção tem o aval da Constituição brasileira. Trata-se da possibilidade de nomeação de cargos públicos. Para ele, a distribuição desses cargos é o maior gerador de corrupção no país, pois resulta na compra de apoio no Legislativo e evita, por fim, a fiscalização do governo”.
Vale acentuar que o ataque aos cofres públicos não é um fenômeno exclusivamente brasileiro, mas nos acompanha desde o dia do nosso descobrimento. Na carta ao rei, Pero Vaz de Caminha aproveita para pedir a volta a Portugal de seu genro, degredado na África por ter roubado uma igreja e espancado o padre. Segundo historiadores, o império que nos descobriu já carregava o germe da corrupção. Na época, Portugal era famoso pela burocracia e pelo desvio de verba.
E já na fundação da nossa primeira capital há um exemplo claro de roubalheira, com superfaturamento na construção de Salvador, por empreiteiras, entre 1549 e 1556. Prática que se alastrou inclusive durante o período de ocupação holandesa, tido erroneamente por muitos como um governo “limpo”. Aliás, teve origem na Holanda a história de que não existe pecado ao sul do Equador. Aqui valia tudo.
Mas, também é bom que se diga que em vez de diminuir a corrupção ela cada vez mais se acentua no Brasil. Em uma pesquisa feita em 146 países, o Brasil aparece como o 19º mais corrupto. No topo da lista está a Finlândia. Haiti e Bangladesh que são os campeões da roubalheira.
Para se ter uma idéia no nível de corrupção hoje em dia no Brasil basta observar que para o sujeito resolver alguma coisa, até para sair de uma fila do Inamps encontra seus artifícios de amizade, de um presente ou de um favor. Isso é considerado um processo de suborno. O suborno não é um problema de valor, é a relação estabelecida.
Ocorre que diante dos constantes assaltos aos cofres públicos provam que não será fácil vencer a roubalheira, e que está em plena atualidade à famosa frase do ex-ministro Paulo Brossard no tempo do fim da ditadura: “A democracia no Brasil é relativa, mas a corrupção é absoluta”.
Diante desse descalabro o Brasil precisa, urgentemente, de ações concretas e permanentes que pelos menos diminuam os níveis da corrupção que assola toda a nação. Deve incluir como meta prioritária o combate ao desvio de verbas públicas, negociatas e dribles na Justiça. A ampliação da educação no país com certeza tornará a sociedade menos passiva diante desse descomunal comportamento.
Devemos ficar de olhos abertos no decorrer de 2012, pois durantes os próximos 362 dias, os espertalhões estarão na espreita prontos para abocanhar com avidez os volumosos recursos destinados às obras da Copa do Mundo.
A população brasileira precisa o mais rápido possível de gol de placa contra os corruptos e corruptores, aves de rapinas que dilaceram com seus bicos afiados e  sem um “tico” de vergonha o dinheiro do povo.
Gooooooooooooooool!