Chico Pinto
A SECA SECA A ESPERANÇA!
Sede, fome e miséria. É dessa forma sintética e verdadeira que se define a situação calamitosa de milhares de sertanejos que sofrem hoje em dia, com a problemática da seca que assola e castiga o semiárido do Nordeste.
A seca, que se abate em solo nordestino, está sendo considerada uma das mais inclementes desses últimos 30 anos, o que tem causado um imenso sofrimento à população diante da escassez de água e da falta de alimento que provoca sede e a fome em uma imensidão de miseráveis.
O sofrimento se acentua a cada período de estiagem, devido à falta de uma política consistente para o problema, o que deixa a região na dependência de ações públicas assistencialistas que nem sempre funcionam e, mesmo quando funcionam, não gera condições para um desenvolvimento sustentável da região.
Geralmente, quando aparecem são ações paliativas eivadas de falta de escrúpulos por parte de incompetentes governantes que, na maioria das vezes, levam proveitos da situação principalmente em ano eleitoral.
Desenvergonhadamente esquecem que a seca é um problema secular e previsível, cujas consequências já deveriam ser amenizadas com soluções plausíveis e permanentes a exemplo de irrigação e de armazenamento de água, através da construção de açudes e barragens.
Em 512 anos de Brasil descoberto por portugueses, o semiárido nordestino chegou a 72ª grande estiagem, segundo relatos históricos da ASA (Articulação do Semiárido).
A seca, além de ser um problema climático, é uma situação que gera dificuldades sociais para milhares de pessoas que habitam a região nordestina, campeando a fome e a miséria em milhares de famílias. A desolação aumenta quando falta água para o consumo humano e para os animais.
Geralmente, as pessoas precisam andar durante horas, sob sol e calor forte, para pegar água, muitas vezes suja e contaminada. Com uma alimentação precária e consumo de água de péssima qualidade, os habitantes do sertão nordestino acabam vítimas de muitas doenças.
A transposição do rio São Francisco é um exemplo palpável do desleixo para com a região. Bilhões de reais já foram gastos com o decantado projeto e, o que se vê, são os canteiros de obras totalmente abandonados sem nenhuma previsão de continuidade. Dos 700 quilômetros de extensão previsível no projeto menos de 20% foram concluídos.
Do jeito que a transposição vem sendo tocada deixa antevê que, não passa de mais um “elefante branco”, que servirá apenas para “irrigar” em profusão a fortuna bancária de empreiteiras e de uma legião de lobistas espalhados pelos corredores dos Ministérios e do Congresso Nacional.
Conviver com a inclemência da seca, sem nenhuma perspectiva de solução, não só causa revolta, mas, provoca um sentimento de abandono diante dessa imensidão de miseráveis que, além da fome e sede, também perde a esperança e deixa de acreditar que o homem seja capaz de resolver ou até mesmo amenizar tamanha calamidade.
Diante do quadro desolador, o sertanejo sente n’alma apenas um sentimento:
O de que a seca seca a esperança!
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