Turismo em Natal ( 01 )
Quando no auge de minha idade e de minhas condições financeiras viajei a natal a procura do meu primo LUCINHO ARAÚJO, e como sempre o fazia ,fui muito bem acompanhado. Me fez companhia três amigas, sendo uma morena, uma loura e outra bem pretinha, linda a danada. Pousamos na praia de ponta negra e começamos a beber, lá pras tantas, surge como, que de improviso, dois cantadores de violas sendo que um, o mais moço , era crente só falava em Deus e na Bíblia e outro depravado na expressão da palavra. Começou a pelejaa nossa mesa ficou rodeada de curiosos e verso vai e verso vem quando uma das minhas amigas, a mais próxima disse a um dos cantadores que eu era de ingá e que meu nome lá era VAVA DA LUZ, o crente que já tava apanhando na peleja, arfou o peito, dedilhou a viola e disse :
–
VAVA DA LUZ é um homem
Que hoje aqui nos visita
E com tanta mulé bonita
Não pode nem passar fome
Jesus que guarde seu nome
Diz moizés nas tabuletas
Escrito com tinta preta
Ciscando nos pés da cruz
Quer matar VAVA DA LUZ…
Bote veneno em BUCETA.
–
O cantador depravado respondeu com um verso simplório e ele continuou…
—x—–
Bote veneno na dita
Que ele entra abaixado
Vai de banda quina e lado
A ele ninguém imita
Pois me disse a velha Rita
Numa de suas facetas
Inda lavando a maleta
Toda suja de bascuz
Quer matar VAVA DA LUZ
Bote veneno em BUCETA
–
Aí ele olhou pras meninas que me acompanhavam
a Loura, a morena e a pretinha e continuou…
-x-
Moizés também já dizia
No versículo trinta e quatro
Que hoje ele lambe o prato
Dessas comidas sadia
A loura, come de dia
De noite ele come a preta
A morena é na punheta
Pode botar mais uns cus
Quer matar VAVA DA LUZ
Bote veneno em buceta
Aí o dono do bar, que era veado, veio intervir dizendo que tinhas turistas e que o cantador.
Tava falando palavrão, nome feio etc. no que ele retrucou assim:
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Se esse nome é nome feio
Nascesse noutro buraco
Tua mãe não tem tabaco
Não tem perna pé nem seio
Não é aqui teu o meio
Já que tu es Maricota
Não sabes se tira ou bota
Mingau quente no cuscuz
Quer matar vava da luz
Bote veneno em xoxota
TURISMO EM NATAL (2)
Passados mais de doze anos, a vida tinha me dado um a surra, perdi algumas economias, fiquei desempregado, tive um câncer de próstata, fiquei liso e brocha, e quando comecei a recuperação geral volto a natal só que desta vez com a única pessoa que não notou que isso tudo que acabo de narrar tinha acontecido, e se notou, como é certeza, fez que não viu. Sim, é ela sim, a minha companheira da dor e da alegria, a velha LIA com quem devido há quarenta anos o que penso e o que sinto. Pois bem, chegamos a natal, procuramos uma pousada humilde, eu sempre me lembrando dos CINCO ESTRELAS de outrora, e no outro dia fomos à praia de Ponta Negra. Que agradável coincidência, não é que aparece o velho poeta cantador de beira de praia, já trôpego, mas só das pernas porque a língua parecia mais afiada. Gritei para chamar sua atenção, e quando se aproximou, PROCUREI me identificar lembrando-lhe os versos passados que ele tinha feito a uma pessoa de ingá. Etc… Apresentei minha esposa LIA que ele cismou de chamar LICA e quando LIA OU LICA ia a algum lugar ele se desmanchava em perguntar pelas putas e coisa e tal. Indaguei pelo colega, o crente, no que ele respondeu,: aquela misera morreu não acreditava em imagem foi dar um chute numa SANTA A imagem tava eletrificada aí ele tomou dentro, mas já que ele andava pregando morreu pregado. Foi quando lhe contei da minha operação, que eu tinha ficado impotente, brocha mesmo, quase chorando fiz uma retrospectiva dos ultimos anos. Ele abriu um sorriso largo e gritou pra quem quisesse ouvir em bom som CAPARAM VAVA DA LUZ PRA NUM MORRER PELA PICA. Isso da um mote e começou:
——————
VAVA deu tanta trepada
Que a pimba ficou doente
Ficou banguela, sem dente,
Só chupa, não come nada.
Certa vez de madrugada
Na cidade Pacifica
Foi fazer amor com LICA
Fez que nem uma avestruz
CAPARAM VAVA DALUZ
PRA NUM MORRER PELA PICA
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E continuou…
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Caparam VAVA DA LUZ
Com faca bem afiada
Jogaram fora a caixada
Deram para os urubus
Certa noite todos nus
Numa suruba com LICA
Só suando é que ele fica
Que nem tampa de cuscuz
Caparam VAVA DE LUZ
Pra num morrer pela pica.
–
E haja a chegar gente e tome verso, sussurrei no seu ouvido é LIA não LICA foi quando ele parou um pouco,
Pensou, e disse: êta merda hoje véi de pimba mole não pode mais fazer nada e prosseguiu:
–
VAVA DA LUZ não sabia
Por isso que trepou tanto
Fez da pimba um acalanto
Nas horas de agonia
Quase mata a velha LIA
De dia ou de madrugada
Tinha que ta preparada
Pra brincar de bole bole
HOJE véi de pimba mole
Não pode fazer mais nada
—————-x———————-
Ele lembra que rapaz
Dava quatro, cinco, seis
Dizia, mais uma vez
Só isso não satisfaz
Era um tal de quero mais
E as negas tudo melada
Dizia numa toada
Vai, VAVA DA LUZ, atole
Hoje véi de pimba mole
Não pode fazer mais nada.
——————x——————
Se VAVA DA LUZ pudesse
Tinha botado um jirau
Só pra levantar o pau
Nas horas que conviesse
Oh! Como isso lhe entristece
Vê essa negas peladas
Ele com a boca babada
Só os olhos é que se bole
Hoje véi de pimba mole
Não pode fazer mais nada
TURISMO EM NATAL (3)
Passados dois tenebrosos anos pós cirúrgico e a pimba extremamente desobediente, isto é, sem atender as meus sucessivos apelos de ereção, resolvo voltar ao Dr Marcelo Figueiredo, que prescreveu de imediato um implante peniano ajustável e maleável. ( que Coisa linda se não fosse o preço) comecei juntar algumas moedas quando um belo dia abro o meu correio eletrônico e leio: Caro Góis o Hospital resolveu comprar o Implante e eu o adcionei como indicado a fazer tudo a custo zero. Loteria ? fé em Deus ? não sei, Só sei que em 20 dias estava eu lá pronto pra botar uma pimba nova, dura. Então começaram as interferências, opniões, não mexe com quem ta quieto, se fosse eu não fazia e eu pensei:
–
Se a merda virar boné
A noite passar pra dia
Eu faço essa cirurgia
Só pra ver como é que é
Em meu Deus eu tenho fé
E é preciso se saber
Se por acaso eu morrer
Na mesa de operação
Gritem para multidão
Morreu tentando fudê
————–x————–
Eu confio no doutor
E vou pra essa empreitada
Não tenho medo de nada
Pois ele já me operou
Da doença me curou
Deixou-me novo, zerado
Por isso é apelidado
E esse nome justifica
Matador de câncer brabo
E Ressuscitador de pica
————–x—————-
Pois bem, fiz a cirurgia, o Dr me colocou 17 cm só de alegria e prazer. Mas como tudo na vida tem seus prós e seus contras, aí vieram às adversidades, as chacotas, os apelidos, Vava Pimba de aço, 24 horas no ar, os americanizados pimba am/pm e tudo isso fora a quarentena de sofrimento pós operatório. Entretanto tudo desmoronou quando pude usar o meu mais novo instrumento de trabalho e lazer e para tamanha comemoração pego a inolvidável LIA e fomos para nada mais nada menos que NATAL. Em lá chegando, fomos direto a ponta negra com a intenção clara de reencontrarmos o nosso velho e saudoso amigo poeta CURIÓ do rio grande, era uma manha ensolarada e ficamos um bom tempo a espera de sua aparição, cansados de esperar resolvemos perguntar na barraca de um antigo conhecido nosso no que fomos informados que Curió não se locomovia mais, estava em cadeira de rodas, mesmo assim fazia ponto na praia dos artistas por ser mais próximo de sua residência, partimos rápidos e silenciosos pela noticia e o reencontro foi coisa que politico não conhece, cheio de reciprocidade sem demagogia e com a maior sinceridade exposta em nosso olhares pelo brilho de alegria que deles emanavam. E aí contei a minha nova história, do implante, do funcionamento, da minha alegria que tinha vindo dividi-la com ele e da restrição que a sociedade impunha com apelidos, curiosidades, e por fim do significado do Dr Marcelo Figueiredo no desenrolar disso tudo. Ele me ouvia com que pasmo, ora sério, ora ria, seus olhos desorbitavam a cada instante que lhe expunha uma novidade, quando de repente, pegou a viola e disse:
–
Esse aqui é seu VAVÀ
Que antigamente. Comia
Depois deixou de comer
Por causa de uma cirurgia
Lhe cortaram a veia guia
Que abastece o seu BILAU
O pobre ficou sem PAU
Mas pra alegria do povo
Ele foi botou um novo
Edecétera e coisa e tal
–
Começou juntar gente pois muitos já tava esperando
–
Dona LIA andou doente
Com a morte dessa menina
Ficou maga, feia, fina
Banguela, perdeu os dentes
Hoje vive sorridente
Doença ficou pra trás
Homem, mulher e rapaz
Quer saber como é que é
Perguntem a essa mulher
A falta que PIMBA faz
———————x—————-
Seu diabetes acabou
Oh que remédio eficaz
Tireóide nunca mais
A coluna se aprumou
Nunca mais foi ao Doutor
Tudo nela satisfaz
Hoje é só saúde e paz
E você que não tem fé
Pergunte a essa mulher
A falta que PIMBA faz
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Diga logo seu Vavá
Onde é quer tem pra vender
Eu sem andar, vou correr
Pra inda hoje comprar
Boto uma de arrombar
Pra sair mandando brasa
Juro que mulher em casa
Nunca mais vai reclamar
E ainda vai deixar
Dar umas queda de asa
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Diga pro Dr Marcelo
Esse medico de arromba
Que eu vou botar uma pomba
E na mulher um pinguelo
No arrastar do chinelo
Eu já quero ta tesudo
Como com cabelo e tudo
Pois não da tempo raspar
Quem me falar pra chupar
Eu faço que fiquei surdo
–
A essas alturas ao nosso redor tinham turistas, filhos da terra e um time de futebol
De folga, ele olhou, apontou pros homens e continuou…
–
Agora eu posso falar
Pra esses machos inseguro
Toda hora de pau duro
Aqui só tem seu Vavá
A borracha pode queimar
Que não tem cu que agüente
Nem amigo, nem parente
Nem ai ai ai nem conversa
Também com uma pomba dessa
Eu fico forte e valente
–
Acho que ele lembrou-se do que lhe falei anteriormente sobre a sociedade e suas críticas
E disse:
–
Esqueça a sociedade
Se aprova ou não aprova
O negócio é Pica nova
Se fôda a humanidade
Veja que praticidade
É o bastante aprumar
Depois é só empurrar
Que tudo ta resolvido
E esperar o grito: QUERIDO
Esse é meu homem, é VAVÁ
vavadaluz
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