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AQUI O JOGO TA MAIS OU MENOS ASSIM TAMBÉM

A liberdade de expressão e de pensamento, desde que vedado o anonimato e não extrapole o direito de outrem, é inviolável. No entanto, quando se assume uma função, seja pública ou privada, o cidadão tem dificuldades em dissociar a pessoa do cargo, fazendo com que sua opinião pessoal seja analisada mais pelo que ele representa do que pelo que ele, na verdade, é. E aí mora um perigo. Façamo-nos entender.    

Lá de Patos, o cidadão Wendell Oliveira, coordenador do Orçamento Democrático do Governo Ricardo Coutinho, ganhou seus 15 minutos de fama nas redes sociais ao usar sua página do FaceBook para detonar o senador Cássio Cunha Lima, o ex-prefeito e ex-deputado Dinaldo Wanderley e o filho Dinaldinho, recém-filiado ao PSDB. Atacou diretamente os tucanos, aliados de Ricardo Coutinho, e, destilando ódio, disse que o governador não precisa deles, quem os comparou a cachorros e urubus, para ser reeleito.

Ingredientes suficientes para suscitar as manchetes do tipo “Aliado de Ricardo detona Cássio”. Apesar de dar entender, equivocadamente, que o governador mandou ele dizer o que disse, o que obviamente não procede, trata-se de um enunciado que, jornalisticamente, não está de um todo errado, visto que o rapaz é sim um seguidor do governador.

Obviamente que nem de raspão o governador pode ser responsabilizado pelos excessos de opinião política daqueles que atuam, de alguma forma, na atual gestão.

Mas pode inibi-los.  Seguir um projeto significa acompanhar suas coordenadas de rumo. E não desfazê-las publicamente.

O tal Wendell Oliveira deveria ser afastado de suas funções. Por emitir opinião? Não. Opinião ele pode e deve externar sempre que tiver vontade. Mas por ser coordenador do Orçamento Democrático, que pressupõe a construção de um governo por muitos e não por apenas um, do atual governo, e por representar administrativa e politicamente um projeto que parece agir em caminho completamente diferente do que pensa ou deseja.

Somente fora do cargo de Coordenador do Orçamento Democrático, o cidadão poderá manter sua posição pública, da qual respeito e asseguro todo direito de fazê-la, sem ser apresentado como “aliado de Ricardo”. Mas apenas como Wendell Oliveira, eleitor de Patos, jornalista do sertão, filho de fulano ou qualquer outra designação.

É óbvio que, agindo dessa forma, Wendellou qualquer um outro membro da atual gestão só criam obstáculos para a caminhada do governador à reeleição.

No lugar de ajudar, atrapalham por não entenderem a regra pela qual se sabe que, ao se assumir formalmente parte, mesmo que minúscula, de um todo, o cidadão não pode fazer, publicamente, nada que comprometa o projeto que representa.

No futebol, por exemplo, a isso se dá o nome de gol contra.

LUIS TORRES