O senador Cícero Lucena (PSDB) estava ontem no debate da TV Cabo Branco visivelmente exaltado. Falou com raiva na expressão, no tom de voz e nas réplicas e tréplicas que fez a Luciano Cartaxo (PT).
Candidato do “coração”, o tucano não sorriu nem na hora das considerações finais, quando os candidatos fazem cara de simpático pra pedir voto para o eleitor.
Uma postura um tanto quanto contraditória ao preparo que o tucano vinha demonstrando nos debates anteriores. Domínio absoluto da situação e dos assuntos é que combina com conteúdo e preparo. Deu impressão de ter colocado pra fora toda pressão acumulada num segundo turno cheio de desafios diante de um adversário que não se alterava com nada.
Parece que não esperava um Luciano Cartaxo (PT) mais aguerrido do que nos outros confrontos. Cícero falava em Mensalão Cartaxo respondia com Confraria. Cícero falava da gestão de Agra, Cartaxo acusava Cícero de não pagar servidor em dia.
Cícero falava que Cartaxo não fez nada em vinte anos como vereador, Cartaxo respondia que Cícero não fez nada em oito como prefeito.
De acusação em acusação, as propostas saíram de cena. O petista chegou a pedir “desculpa” ao eleitor. Fez o papel que melhor sabe desempenhar: se livra do golpe e fala na cidade. Creio que foi sua melhor aparição no segundo turno.
Mas Cícero parece que não vai deixar barato. Anunciou pra este sábado, por meio de aliados políticos, uma entrevista coletiva no comitê principal de campanha, às 10h. Promete mostrar na coletiva a denúncia que tentou fazer no debate, mas perdeu tempo e foi desaconselhado pelo apresentador a não mostrar documentos, quando acusou Cartaxo de ter contas reprovadas no TCE.
É o último golpe de Cícero, desferido no último dia de campanha, como quem vai pro tudo ou nada de vez. Um risco que ele se submete a correr sem ter ao certo a medida das conseqüências.
Luís Tôrres
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