Levantamento aponta que quase 48% dos ouvidos no Brasil são favoráveis a uma intervenção militar para conter a corrupção
Em 22 de junho de 2013, quando 30 mil foram às ruas de São Paulo contra a proposta de limitar a capacidade de investigação do Ministério Público, uma grande faixa defendia a extinção de todos os partidos políticos para combater a corrupção. No protesto de 15 de março deste ano, as mensagens foram mais claras: cartazes da “Intervenção Militar Já” e “SOS Forças Armadas” eram exibidos por vários manifestantes. Neste sábado (28), um grupo reedita a Marcha da Família, antessala da ditadura iniciada em 1964, com um objetivo: instalar um regime de exceção controlado pela apoio
– Assista: Em protesto contra Dilma, manifestantes perdem intervenção militar
Gerente do Lapop e doutor em ciência política, Jorge Daniel Montalvo avalia que o movimento pode ser decorrente dos escândalos de corrupção e da erosão da popularidade da presidente Dilma Rousseff (PT).
“Há um desencanto com a política em geral. Isso possivelmente é uma hipótese que leva a esse aumento no percentual de pessoas que apoiam um golpe militar”, diz Montalvo, ao iG.
Veja imagens da manifestação de 15 de março:
Conservadorismo no Brasil
Doutor em ciências sociais e diretor-geral do Instituto Cultiva, Rudá Ricci identifica no movimento a alta do conservadorismo entre as classes populares, decorrente do próprio modelo de inclusão pelo consumo adotado pelo PT.
“Isso gera conservadorismo e egoísmo. Quando a canoa começa a fazer água, a população que votou no governo começa a desconfiar. Ao ver a corrupção, você começa a ficar mais violento com os corruptos.”
Ricci também chama a atenção para a longevidade do governo petista – “quem tem 26 anos praticamente só conhece a política do PT” -, e para uma tendência da população, tanto de direita como de esquerda, de buscar heróis linha-dura.
“A opção pela ditadura é a opção por um pai duro. A grande maioria não vota na direita, mas gosta da ideia de um pai severo e justo. Ela atrai o brasileiro.”