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Blog do Vavá da Luz

ANCO MARCIO EM : Meu natal de criança

Nesse tempo de Natal eu me lembro do meu tempo de criança em Ingá do Bacamarte, magro, mirrado, cabeça grande, mas um menino feliz.Eu ajudava Padre Zé Paulo na missa em Latim e sabia tudo de cór.Com, certeza essa foi minha primeira aparição nos palcos da vida.”Introibo ad altare Deum” .E eu respondia:”Ad Deus que laetifat juventutem mea” .Eu não tinha idéia do que era.

O dia começava com a gente tomando café em família, com tapioca, cuscus e um gostoso bule de café fumegante.Depois ia pra calçada, de onde eu avistava a Igreja e a Praça, centro da cidade.Lá na ponta da calçada vinha Seu Nascimento com seu terno de brim azul.Ele era amigo de meu pai e sempre me dava revistas infantis.

O pavilhão já estava armado na Praça e logo mais quando ligassem o gerador, por volta das cinco da tarde, a praça ficaria toda iluminada.Lá não tinha energia durante o dia.Meus vizinhos, Seu Garcia e Dona Erundina, tinham uma geladeira que funcionava com querosene, podem crer!!

Meu pai começava a tomar os tragos dele pela manhã quando saía para a coletoria.Sempre de terno, sempre de chapéu, bebia em qualquer canto, desde a bodega de Seu Trajano até o clube social.De noite ele ia pro Pavilhão e entrava no leilão beneficente, coisa da Igreja, onde uma galinha assada era vendida por uma fortuna.

Eu entrava no Pavilhão e ficava todo orgulhoso, tomando refrigerante no colo de meu pai.Um tempo bom que eu não esqueço, quando eu era feliz e nem sabia.Minha mãe também vinha pro Pavilhão, mas não bebia.Só tomava gazoza, como eram chamados os refrigerantes daquele tempo bom que eu vivi.

Hoje, meus pais se foram e eu me vejo no espelho com ar cansado, cabelos raros e grisalhos…Onde está o menino?Onde estão seus carrinhos de brinquedo feitos de madeira, onde está o pião, a baladeira, o cavalo de pau?O tempo levou, como levou muitos dos meus amigos e um dia me levará também…

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