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Blog do Vavá da Luz

Algodão colorido: pesquisas buscam novas cores e maior resistência do material

Algodão colorido: pesquisas buscam novas cores e maior resistência do material

BA Paraíba é o estado brasileiro onde mais se planta e se colhe algodão naturalmente colorido

A Paraíba é o estado brasileiro onde mais se planta e se colhe algodão naturalmente colorido

Alexandre Nunes

A Paraíba é o Estado onde mais se planta e se colhe algodão naturalmente colorido no Brasil, e onde também acontecem pesquisas importantes para se obter a pluma de algodão naturalmente colorido que tenha fibras mais compridas e mais resistentes. As pesquisas da Embrapa Algodão em cima da tecnologia algodão naturalmente colorido buscam ainda uma maior produtividade e maior rendimento de pluma, após o descaroçamento.

Outra pesquisa importante é a que busca cultivares (espécies de plantas que foram melhoradas devido à alteração ou introdução de características que antes não possuíam) que tenham plumas de cor natural azul ou preta. Só que esse tipo de algodão está sendo buscado não apenas no Brasil, a exemplo do que acontece na Embrapa Algodão, na Paraíba, e, talvez, também no Instituto Agronômico de Campinas (IAC), em São Paulo, mas em todo o mundo, como acontece nos Estados Unidos da América, China, Paquistão, Austrália, Israel e Índia. No entanto, mesmo que a cultivar de fibra de cor azul ou preta se confirme, ainda resta tomar outras providências, como o melhoramento genético do material obtido, a exemplo das medições do valor de cultivo e uso (VCU) da nova cultivar, o que demanda ainda muito tempo de trabalho, alertam os pesquisadores. Mesmo assim, empresários paraibanos firmaram o desejo de plantar de imediato a nova semente assim que a Embrapa Algodão a disponibilize no mercado.

Técnica

Segundo o agrônomo Gilvan Ramos, que já coordenou o Comitê Gestor do Arranjo Produtivo Local de Confecções e Artefatos de Algodão Colorido da Paraíba, a técnica usada é diferente, porque nas atuais cultivares o melhoramento genético é o convencional, mas para se obter uma cor azul ou preta e que tenha tonalidades dessas cores bem expressivas, a técnica é biotecnológica. “Ou seja, as pesquisas resultarão em cultivares de algodão transgênicas! Aí se perderia a possibilidade de se cultivar de forma “orgânica” esse algodão novo, como se faz hoje em dia e se consegue valorizar muito as peças fabricadas. Aliás, os empresários dizem que vendem, primeiro porque é “orgânico”, e só em segundo lugar porque é naturalmente colorido. Acontece que você pode imaginar o que um tecido com um azul forte e expressivo, e que seja de cor natural, poderia significar econômica e ambientalmente, quando se substituísse a tecnologia de produção de jeans em todo o mundo”, analisa.

Gilvan Ramos, que também é analista de agribusiness da Embrapa Algodão, revela que empresas da Paraíba incorporaram, nos seus produtos com algodão naturalmente colorido, a renda e o artesanato, além da cultura paraibana com o seu jeito de ser, e tiveram sucesso no mercado mundial. A estilista Flávia Aranha, por exemplo, desenvolveu coleção com matéria prima fornecida pelo grupo de microempresas Natural Cotton Color (NCC), representado por Francisca Vieira, e que iniciou uma joint venture, ou seja, um empreendimento conjunto, com outra empresa da Califórnia interessada em distribuir seus produtos. “Tudo isso com aquelas plumas dos 90 a 120 hectares plantados. Os últimos acontecimentos demonstram que novos contratos internacionais estão sendo feitos na França e nos Estados Unidos da América, e isso pode alavancar a produção agrícola do algodão naturalmente colorido”, acredita.

Segundo dados do comitê gestor do Arranjo Produtivo local (APL), a produção do algodão colorido na Paraíba envolve 120 famílias de agricultores, 80 costureiras, 25 rendeiras, 68 bordadeiras e 75 artesãos em cerca de 50 municípios das regiões do Cariri e Agreste paraibanos. Com uma produção de aproximadamente 60 toneladas de algodão em rama, são confeccionadas, mensalmente, uma média de 9 mil redes e peças de decoração, 1.800 peças de moda feminina, além de outros produtos. Grande parte dessa produção é destinada ao mercado internacional, principalmente Alemanha, Canadá, Dinamarca, Emirados Árabes, Estados Unidos, França e Japão.

Em todas os 223 municípios paraibanos pode-se plantar e colher algodão naturalmente colorido. O ambiente ótimo de produção está situado na região central – circunvizinhanças de Patos – e no Alto Sertão, mas, nos últimos cinco anos de seca natural, as regiões do Agreste e do Litoral paraibanos é que apresentaram melhores possibilidades, devido ao regime de chuvas. Choveu pouco, mas choveu na hora certa, nos municípios onde mais se planta e se colhe algodão naturalmente colorido na Paraíba, ou seja, nos municípios de Caiçara, Remígio, Juarez Távora, Gurinhém e Capim. Dados oficiais do IBGE em 2016 são demonstradores de que foram plantados e colhidos na Paraíba 90 hectares de algodão naturalmente colorido, produzindo 73 toneladas em caroço, com rendimento médio de 816 quilogramas por hectare. Este ano, a Paraíba deve repetir os 90 hectares plantados com algodão colorido, de um total de 120 hectares plantados no país.

Comitê Gestor do APL define encaminhamentos para o setor As pesquisas da Embrapa Algodão em cima do algodão naturalmente colorido buscam manter maior produtividade e rendimento da pluma

Na última reunião do Comitê Gestor do Arranjo Produtivo Local de Confecções e Artefatos de Algodão Colorido da Paraíba, coordenado pela Secretaria de Estado do Turismo e Desenvolvimento Econômico (Setde), foram feitos alguns encaminhamentos importantes para o setor, a exemplo da criação de linhas de crédito do Empreender para a cadeia produtiva do algodão colorido; do desenvolvimento de estudos da rota da cultura, a partir do seu mapeamento; e da distribuição de sementes orgânicas produzidas por sementeiras especializadas para atender o setor produtivo.

Uma das decisões resultantes da última reunião do comitê gestor, que aconteceu no início deste mês, na sede do Sebrae, em João Pessoa, foi a elaboração do planejamento estratégico do APL de confecções e artefatos de algodão colorido da Paraíba, com a assistência da Setde e do Plano de Desenvolvimento Econômico, Social e Sustentável para os Arranjos Produtivos Locais da Paraíba (Plades), em que cabe ações como a formalização de Termo de Cooperação entre o Senai-PB, o Governo do Estado e a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT) para viabilizar a montagem de fiação que atenda a todas as empresas no território paraibano, pois hoje esse serviço é feito pelo vizinho Estado de Pernambuco.

Acionar os mecanismos da Cinep de cessão de terrenos em distritos industriais paraibanos para empresas privadas envolvidas no Comitê Gestor; providenciar no orçamento estadual da Setde o financiamento pontual de participação de empresas ligadas ao Comitê Gestor em feiras e exposições de produtos de algodão colorido, nacionais ou internacionais. Estes foram outros encaminhamentos importantes da reunião.

O secretário da Setde, Lindolfo Pires, reconheceu que atualmente o algodão naturalmente colorido se destaca nos cenários nacional e mundial, concluindo que a Companhia de Desenvolvimento da Paraíba (Cinep) e o Núcleo Estadual de Apoio aos Arranjos Produtivos Locais da Paraíba (NEAPL’s-PB) deverão contribuir significativamente no que facilite o crescimento e desenvolvimento econômico do Arranjo Produtivo Local paraibano de confecções e artefatos com a matéria prima do algodão colorido.

Também vem sendo objeto de debate, nas reuniões do comitê, a possibilidade de instalação de uma unidade dos Institutos Senai de Tecnologia (IST) relacionada ao algodão colorido. O projeto original do IST foi aprovado pelo Senai Nacional para ser construído em João Pessoa, tendo em vista a existência da tecnologia algodão colorido e de organizações de pesquisa tecnológica relacionada a ela, tudo aprovado pela Federação das Indústrias do Estado da Paraíba (Fiep). Se trata de um projeto de investimento que tem orçamento total de mais de R$ 20 milhões.

O Comitê Gestor do APL de Confecções e Artefatos de Algodão Colorido da Paraíba foi criado em 2011, com o objetivo de articular todos os elos envolvidos na cadeia produtiva da pluma. Integra empresários, produtores e suas organizações e instituições de apoio, entre elas a Embrapa, Abit, Fiep, Apex, Senai, Sebrae, bancos públicos e privados, Governo da Paraíba, Mapa, SFA-PB e Conab. Uma das principais conquistas do comitê foi a garantia de compra da produção do algodão colorido, que deu segurança ao produtor para realizar o plantio e alimentar a cadeia produtiva, que envolve tecelagens, confecções e indústrias de moda e decoração.

Embrapa Algodão e Sebrae se mobilizam contra a pirataria

Em 2011, surgiram comentários dentro da Embrapa Algodão dando conta de que alguns industriais têxteis da Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte estavam tingindo fios de algodão branco convencional com as cores terrosas do algodão naturalmente colorido marrom e bege, basicamente, e repassando para os artesãos e confeccionistas, que fabricariam seus produtos e os revenderiam como se feitos com algodão naturalmente colorido. O diferencial de preço entre os dois fios era de 50% – hoje seria de R$ 17,00/kg do convencional tingido, contra R$ 34,00/kg de fios do naturalmente colorido.

A primeira providência para combater a pirataria tomada pela Embrapa Algodão e o Sebrae-PB foi mobilizar os microempresários e os agentes e atores sociais de alguma forma ligados ao uso dessa tecnologia, na Paraíba, para a criação do Comitê Gestor do Arranjo Produtivo Local de Confecções e Artefatos de Algodão Colorido da Paraíba. Outra medida foi a de patentear a marca ‘Algodão Cor Natural’ para a comercialização do produto. Com isso, os produtos certificados pela Empresa passaram a receber um selo de garantia de autenticidade, uma das alternativas para inibir a pirataria.

Quem fabrica confecções ou artefatos, como redes de dormir, bolsas e artesanato com o algodão naturalmente colorido tem os mercados interno e externo para aproveitar economicamente. O que tem de mais expressivo hoje é o que se exporta. E se exporta confecções e redes de dormir, especialmente. Duas empresas se destacam: o grupo empresarial de microempresas Natural Cotton Color (NCC) e a Santa Luzia – Redes e Decoração Ltda. O primeiro tem sede em João Pessoa e tem uma das empresas do grupo situada em Campina Grande, a Casulo Arte Natural Ltda; e a segunda tem sede em São Bento, no Sertão paraibano.

Pesquisas têm lugar na história Os produtos feitos com algodão colorido são destaques no Salão de Artesanato da Paraíba, realizado em João Pessoa e Campina Grande

As pesquisas para a produção do algodão naturalmente colorido no Brasil começaram pela Paraíba, em 1990, com uma visita de industriais têxteis japoneses à Embrapa, em Campina Grande. Eles induziram os cientistas locais ao melhoramento genético convencional do algodão naturalmente colorido, quando se dispuseram a adquirir a produção têxtil que se fizesse a partir das variedades selvagens existentes no banco de germoplasma de algodão, de plumas naturalmente marrom ou bege.

Nove anos depois, foi obtida a primeira cultivar brasileira, a BRS 200 Marrom, fruto de cruzamentos da cultivar norte-americana (“Texas”) com outras resultantes de cruzamentos com o algodão “mocó”, de fibras longas e/ou extralongas. Assim, desde o ano 2000, a Embrapa vem lançando no mercado outras cultivares naturalmente coloridas, as quais não são mais baseadas no “mocó”, mas herbáceas. A cultivar BRS Verde, de fibra verde claro, por exemplo, é resultante do cruzamento de variedades herbáceas, com a cultivar norte-americana “Arkansas Green”.

As informações foram repassadas pelo pesquisador Gilvan Ramos, que considera o algodão naturalmente colorido, especialmente quando produzido com tecnologia “orgânica”, como matéria-prima ambientalmente muito amigável e, certamente, o produto ecologista mais sustentável, atualmente disponível no mundo. Produtos agrícolas “orgânicos” motivam dois tipos de consumidores: pessoas que têm sensibilidades químicas ou alergias e precisam desses produtos por razões de saúde, e outro que é ambientalmente consciente e compra os “orgânicos” para ajudar a proteger a terra.

O especialista alerta que o algodão naturalmente colorido não deve ser considerado como uma exclusiva conquista tecnológica brasileira, já que ocorreram pesquisas pioneiras realizadas na extinta União Soviética e nos Estados Unidos, em pleno transcurso da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), interrompidas ao final daquele conflito armado. “Passados 35 anos, ocorreu daquelas buscas tecnológicas serem retomadas nos Estados Unidos, quando se cruzou linhagens genéticas, obtidas nas experiências anteriores, com variedades selvagens oriundas da América Latina. Este feito é da Drª Sally Fox, que desenvolveu suas pesquisas até obter sucesso por toda a década de 1980”, relata.

Um fato curioso foi que, após a Drª Sally Fox patentear a marca “FoxFibre” para o seu novo algodão em 1989, no ano seguinte já era fundada uma empresa para aproveitamento comercial exclusivo de algodão naturalmente colorido nas províncias chinesas de Xinjiang e Gansu: o China Natural ColourCottonGroup – CWC. Esse empreendimento chinês comemorou seus 26 anos de sucesso comercial, e, inclusive, desde 2010, seus produtos são vendidos em São Paulo. A CWC é um investimento de mais de US$ 100 milhões para pesquisa, desenvolvimento e inovação com algodão colorido, o que é mostrado no vídeo “A história do algodão de cor”. Em 2011, a China já contava entre 20 e 30 novas cultivares de algodão naturalmente colorido.

“Atualmente são 19 países onde se pesquisa (ciência), se desenvolve (tecnologia) e se inova (criativa-inventividade) com o algodão naturalmente colorido, com destaque para a China, Índia, Peru, Estados Unidos, Brasil, Israel, Austrália, Guatemala, México e Turquemenistão. No mundo, a plantação de algodão naturalmente colorido abrange pelo menos 156 mil hectares”, informa Gilvan Ramos.

Segundo o pesquisador indiano Keshav R. Kranthi, são inexistentes dados que permitam estimar a demanda de pluma de algodão colorido para todo o mundo. O consumo atual ainda é incipiente na Europa, na América do Norte e no Japão. O maior consumo do momento se dá na China, pelo grande acerto de marketing da CWC ao priorizar, desde sua fundação, roupas para bebês. “Com as melhorias no padrão de vida da população, não deve faltar criança chinesa para utilizar-se de agasalhos e roupas que, de tão confortáveis, são consideradas como uma segunda pele”, observa Gilvan.

Presença constante em grandes eventos

O algodão que já nasce colorido realmente encanta as pessoas e, com isso, os artesãos paraibanos têm muito êxito com a venda de produtos feitos com essa matéria prima especial. É o que constata a gestora do Programa de Artesanato da Paraíba (PAP), Lu Maia. Ela ressalta que o bom mesmo é saber que foi em solo paraibano que começou a pesquisa para o melhoramento genético que deu origem às plantas de algodão colorido, em termos de Brasil.

Lu Maia explica que, para os artesãos e microempreendedores que trabalham com o algodão naturalmente colorido e que são cadastrados no PAP e que fazem parte de associações e cooperativas, o maior incentivo oferecido pelo Governo do Estado, por meio do Programa de Artesanato da Paraíba, é possibilitar a participação dos mesmos nas feiras locais, estaduais e nacionais, além de internacional, a exemplo da participação em uma feira de Paris, na França. Para participar dos salões e feiras nacionais, eles se inscrevem nos editais publicados pelo programa e são selecionados.

“Os salões de artesanato são realmente as verdadeiras vitrines para escoamento da produção de todos os nossos artesãos. O algodão colorido é desejado e admirado. As pessoas compram e ficam encantadas com o algodão que já vem colorido da natureza, fruto do trabalho feito pela Embrapa. Nossos artesãos vendem muito bem os produtos confeccionados a partir desta matéria prima. São roupas, acessórios brinquedos, decoração utensílios domésticos, redes, mantas, etc. As feiras são extremamente importantes para darmos visibilidade nacional e internacional a esta matéria prima que, no Brasil, nasceu na Paraíba, por conta do seu solo”, comenta.

Salão de Artesanato da Paraíba Lu Maia é gestora do Programa de Artesanato da Paraíba, o PAP

Entre os eventos que oferecem espaço para exposição e comercialização de produtos feitos com algodão naturalmente colorido no Estado destaca-se o Salão de Artesanato da Paraíba, um evento que ocorre duas vezes ao ano: no verão, em João Pessoa e no mês de junho, em Campina Grande. A realização é do Governo do Estado, por meio do Programa do Artesanato da Paraíba, vinculado à Secretaria de Estado do Turismo e Desenvolvimento Econômico.

De acordo com a gestora do PAP, Lu Maia, a 26ª edição do Salão de Artesanato da Paraíba, que teve início no dia 18 de junho e termina neste domingo (2), dos 65 artesãos cadastrados no PAP que trabalham com algodão colorido, somente 27 estão expondo no salão. No total, são 333 artesãos envolvidos diretamente com o evento, selecionados por meio de Edital Público de Chamamento. Para oferecer uma melhor diversidade aos visitantes, todas as regiões do Estado foram contempladas, representando 80 cidades paraibanas.

Outro evento importante que oferece espaço para exposição e venda de produtos feitos com algodão colorido é a Multifeira Brasil Mostra Brasil, que este ano acontece de 14 a 23 de julho, no Centro de Convenções, em João Pessoa. Trata-se do maior evento do gênero no Norte e Nordeste, onde são expostos diversos produtos e são realizados grandes negócios. “A gente recebe os estandes de modo gratuito nas feiras nacionais, através do Programa de Artesanato Brasileiro. Quando da realização da Brasil Mostra Brasil, a gente também recebe os estandes gratuitamente do empresariado, que enxerga no artesanato e no algodão colorido uma grande oportunidade de vendas para todos os demais estandes”, ressalta.

Lu Maia acrescenta que os artesãos paraibanos do algodão colorido também participam de feiras nacionais como a Fenearte, a Feira de Artesanato Brasil Original, e a Craft Design. Considerada a maior feira de artesanato da América Latina, a 18ª edição da Fenearte acontece de 6 a 16 de julho, no Centro de Convenções de Pernambuco. Já a Brasil Original é realizada no Pavilhão de Exposições do Anhembi, e a Craft Design no Centro de Convenções Frei Caneca, ambas em São Paulo.