Só existe uma posição errada em toda a vida. Não tomar posição. E, pior, não tomar por falta de coragem. Foi o que se registrou na tarde desta quarta-feira na Assembleia, quando deputados da oposição deixaram o plenário para quebrar o quórum de votação de permuta dos terrenos.
“Deixaram o plenário”, inclusive, é eufemismo. Os oposicionistas fugiram. Correram. Inspirados pela covardia daqueles que, em defesa de uma tese, não conseguem sustentá-la até o fim. Aprendi lendo livros de história que a oposição não corre. Quem corre é o governo.
Quando estava encarcerado e esperando o momento de ser executado, o filósofo Sócrates teve a oportunidade de fugir da prisão, mas negou. Preferiu sustentar sua posição até a hora de tomar cicuta e morrer. Tinha consciência de que fugir o faria o criminoso que os seus algozes o acusavam.
Ora, se o projeto enviado pelo governo está eivado de erros ou falhas, os deputados da oposição tinham, como fizeram, que indicar modificações, e votar contra a matéria, como não fizeram, caso as modificações não fossem aceitas.
É pra isso que os deputados foram eleitos. É por isso que custam R$ 90 mil por mês, entre salários e outras garantias pecuniárias. Pra tomar decisões. Sejam acertadas ou erradas.
Não para fugir delas.
A oposição fugiu do plenário porque não teve coragem de votar contra a matéria, apesar de considerá-la a “pior coisa do mundo feita pelo atual governo”. Não votaram contra porque não tem coragem de ver seus rostos em outdoors espalhados por Mangabeira dizendo: “Esses foram contra o shopping. Contra a geração de emprego”.
Mesmo que digam que defendem a legalidade, os deputados de oposição sabem que não é popular votar contra esse projeto. Defendem na tribuna o que não podem honrar com o voto.
É óbvio que o governo errou em não assegurar no projeto original a informação de que será construído um shopping no terreno da Acadepol. Mas se fossem mais inteligentes, os oposicionistas aceitavam o acordo de incluir a emenda de autoria de Gervasinho assegurando a construção do shopping em três anos e sairiam da discussão como os verdadeiros autores do shopping.
Poderiam, quem sabe, até colocar outdoor em Mangabeira dizendo: Eis os deputados que garantiram, de fato, o Shopping em Mangabeira.
Mas, permitam-me a expressão, foram covardes. E parece que, além de covardes, permitam-me de novo, foram burros.
Luís Tôrres