Faleceu nesta terça-feira o meu velho e querido amigo Célio Marinho, que nós chamávamos carinhosamente de Nego Célio ou Celinho.
Conheci Celinho ainda na infância e juntos com outros garotos da mesma idade, nos divertíamos sob a frondosa gameleira do Bairro do Roger, cuja bela e grandiosa arvore nem existe mais, pois tombou pela ação do tempo e das pragas. Ali naquela sombra, Celinho ensaiou os primeiros acordes num velho violão, o que o tornaria no futuro um exímio violonista, sendo o mesmo nos anos 70 quando integrava o Conjunto The Gentleman, considerado o melhor guitarra ritmo do Nordeste.
Depois de uma infância das mais alegres e rica de amizades naquele bairro, entramos na fase da juventude e quantas madrugadas, eu, Celinho, Rosimar (China) e Anselmo, no silêncio da noite vagávamos a pé – naquela época nenhum de nós possuía automóvel – pelos mais diversos bairros de nossa capital, realizando serenatas nas portas de nossas então namoradas ou paqueras – termo bastante utilizado naquela época. Quantas noites indormidas, quantas conquistas amorosas.
Passada a juventude e necessitando encarar a vida dura dos adultos, cada um de nós seguiu caminhos diferentes e no meu caso fui obrigado a migrar para o distante estado de Rondônia, onde permaneci por longos 25 anos até a aposentadoria.De volta à Paraíba retomei o contato com Celinho, que inclusive há cerca de dois anos, com a sua banda denominada ‘Vitória Regia’, embalou com músicas dos Anos 60 a minha festa de 36 anos de casamento, cujo namoro o mesmo viu nascer, pois com os acordes do seu violão ajudou na conquista daquela que viria a se tornar a minha esposa e mãe dos meus filhos.
Mais recentemente tomando conhecimento da doença deste amigo-irmão, com preocupação acompanhava o seu tratamento, seja indagando a ele próprio, ou através de amigos comuns a nós dois. Na semana passada telefonei para Celinho, para saber como o mesmo se encontrava e quase não pude ouvir a sua voz no outro lado da linha, pois o mesmo se encontrava totalmente afônico por conta da sua doença e com bastante dificuldade, porém com a grandeza que lhe era peculiar tentou me tranqüilizar, dizendo que era uma simples rouquidão e pediu que eu telefonasse no dia seguinte que ele estaria com a fala recuperada e poderíamos conversar melhor. Ledo engano, pois cinco dias depois recebi a triste notícia do falecimento do mesmo que se foi sem nenhum aviso prévio, deixando aqui uma verdadeira legião de amigos que ao longo dos anos aprendeu a gostar e admirar o extraordinário músico, mas acima de tudo o homem, o amigo Célio.
Certa feita disse famoso compositor: ‘Amigo é coisa para se guardar no lado esquerdo do peito’ Celinho com certeza ficará para sempre no coração de cada um de nós, que teve a honra e o privilégio de conviver com ele. Adeus querido amigo.
Pedro Marinho