Pular para o conteúdo

Ricardo desmoraliza as oposições e, de quebra, chuta Cássio para um humilhante quarto lugar

Ricardo desmoraliza as oposições e, de quebra, chuta Cássio para um humilhante quarto lugar

Diariamente, o jornalista Wellington Farias comenta os bastidores e avalia os principais fatos da política e do cotidiano da Paraíba e do Brasil

Numa eleição histórica e de resultados sem antecedentes na Paraíba, o governador Ricardo Coutinho (PSB), seja como protagonista do processo, ou como mentor de um projeto de gestão muito bem avaliado, fez o que convencionamos chamar de “barba, cabelo e bigode”. Só não fez costeletas, porque não conseguiu a eleição do seu parceiro Luiz Couto (PT) para o Senado.

Detalhe: político historicamente de esquerda, Coutinho consegue esta proeza num momento em que, em várias partes do mundo, o conservadorismo dá o ar de sua graça, e num Brasil em que a cadela do fascismo está num cio desesperado.

Numa lapada só, Ricardo Coutinho elegeu o candidato de sua escolha pessoal para sucedê-lo, seu ex-secretário João Azevêdo, do mesmo partido; conseguiu a eleição de 15 deputados estaduais da coligação que articulou, além de ter o reforço de outros que foram eleitos e serão da base aliada; a eleição de metade da bancada paraibana à Câmara Federal, resgatou de um iminente ostracismo o ex-prefeito de Campina Grande, Veneziano Vital do Rego (PSB), que andou mal visto pelos seus eleitores e, sobretudo setores progressistas, desde aquele histórico “paroxístico momento” do SIM a Temer, para derrubar a então presidente Dilma.

E o pior: armou uma conjuntura eleitoral em que Cássio Cunha Lima (PSDB), até então seu principal opositor, depois de tentar ser mais esperto que todos e todas, foi submetido a um humilhante quarto lugar na disputa para o Senado. Lembrando, apenas, que não outro, a não ser o próprio Ricardo, foi quem tirou de Cássio a invejável condição de imbatível, ao impor-lhe a primeira derrota em 2014.

Mas…

A casa não caiu pra Cássio só em razão da arapuca política-eleitoral que Ricardo montou para ele a sua turma. Ele também se autodestruiu. Não entendeu os novos momentos e as mudanças que precisava fazer em suas atitudes e hábitos muito manjados.

Vejamos

Cássio quis jogar com tudo e com todas. Por que Luciano Cartaxo (PV) não deixou a Prefeitura de João Pessoa para concorrer ao governo? Porque, especula-se, desconfiava de uma provável arapuca armada por Cássio, usando Manoel Junior (PSV), o vice-prefeito, para tomarem a gestão e com ele romper politicamente; depois, Cássio ainda conseguiu convencer os Cartaxos a manterem-se aliados, evidentemente, pensando no palanque que precisava em João Pessoa, para a sua campanha de senador e seu filho Pedro, para deputado federal.

Ah, lá!

De palanque garantido na Capital, Cunha Lima pouco ou nada empenhou-se pela candidatura de Lucélio Cartaxo (PV), irmão gêmeo de Luciano, que o substituiu na candidatura ao governo. Achando pouco, segundo a imprensa noticiou, ainda montou comitê de campanha com José Maranhão, o candidato a governador pelo MDB, na cidade de Patos, mesmo tendo compromisso com os Cartaxos.

Temer

Não faz muito tempo em que a Paraíba ouviu Cássio tecer loas à gestão do presidente Michel Temer (MDB) quando, no primeiro aniversário do golpe, discursou dizendo que aquele era um “governo ousado e corajoso”. Na sequência, na cidade de Monteiro, implorou ao público uma saraivada de palmas para o grande presidente da República. Antes, sem que ninguém visse, quase verteu lágrimas ao abraçar Temer, segundo este mesmo revelaria ao público em seu discurso ao microfone.

Oposição?

Pois bem. Depois de tudo isso, Cássio Cunha Lima tentou convencer os paraibanos de que era oposição a Michel Temer, num momento eleitoral em que nada era mais recomendável do que jamais ter tido qualquer compromisso com o presidente da República mais desgastado e indesejável da história do Brasil.

Humilhação

Ricardo de fato desmoralizou as oposições e, de quebra, chutou Cássio Cunha Lima para onde ele jamais imaginava: o humilhante quarto lugar na disputa para o Senado. E mais: num cenário em que o seu principal opositor em Campina Grande, Veneziano Vital do Rego, foi o mais votado para senador da República.

Por: Wellington Farias