Extração ilegal de areia motivou assassinatos no MST
A extração irregular de areia motivou o assassinato dos dois membros do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra em um acampamento no município de Alhandra. Os detalhes da investigação foram divulgados nesta sexta-feira (17) após prisão de três suspeitos durante a operação “Ampulheta”.
As investigações apontaram que as mortes ocorreram após as duas vítimas bloquearem a extração, levando em consideração que o esquema previa o repasse de R$ 2 mil para investimentos no acampamento e seus membros, o que já não estava ocorrendo. As vítimas seriam “a ponte” entre extratores e acampamento. A extração rendia aos exploradores cerca de R$ 4 mil por dia, enquanto o acampamento recebia R$ 2 mil por mês.
Diante do prejuízo causado pelo fim da extração, os assassinatos teriam sido planejados por Rawlinson Bezerra de Lima, conhecido como Ralph, que atuava no local como extrator.
A mulher presa na ação é apontada como responsável pelo cadastro no acampamento, porém, sua participação no crime não foi detalhada. Já o outro preso, soube previamente do planejamento das mortes e teria, inclusive, alertado um conhecido para que não fosse ao assentamento na noite do crime, porque ocorreriam mortes.
De acordo com a delegada Flávia Assad, desde o dia do assassinato, a polícia já suspeitava que os assassinos foram ao acampamento com os alvos certos.
“Porque a forma que entraram no acampamento e foram diretamente ao local onde as vítimas se encontravam no acampamento jantando. Foram direcionados a Rodrigo e a Orlando. Tivemos a certeza que aquelas vítimas foram escolhidas naquela data para serem mortas”, destacou
Crime sem motivação política
O delegado Aneilton Castro descartou que as mortes tenha alguma relação política ou contra o MTST como se especulou à época. “Não é uma questão política apenas uma questão econômica e pessoal envolvida nesses crimes a partir da extração irregular de areia”, destacou.
Os três permanecem detidos na Central de Polícia de João Pessoa.
Entenda do caso
Três homens invadiram o acampamento e foram até o local onde estavam José Bernado da Silva, 46 anos e Rodrigo Celestino de 38 anos, e efetuaram três disparos em cada uma das vítimas com uma arma de fogo calibre 12 e mais dois revólveres.
Após o assassinato, os suspeitos assaltaram uma residência próxima ao acampamento e, além de celulares e outros pertences de algumas vítimas, roubaram um caminhão. Porém, avisaram ao proprietário do veículo onde deixariam o veículo para que ele pudesse ser resgatado.
O caso ganhou repercussão nacional e internacional. A atual presidente nacional do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann, veio à Paraíba participar do velório dos membros do MTST assassinados. O caso também foi lembrado pelo ex-presidente do Uruguai, Pepe Mujica.
MaisPB/VAVADALUZ