Polícia procura presidente do PROS, acusado de chutar e morder a filha
O presidente nacional do Partido Republicano da Ordem Social (Pros), Eurípedes Júnior, é acusado de agredir fisicamente a própria filha na sede da sigla, em Planaltina de Goiás, no Entorno do Distrito Federal.
O caso ocorreu na tarde desta quarta-feira (08). A briga teria sido motivada por uma discussão entre pai e filha envolvendo um veículo em nome de Eurípedes.
Em depoimento prestado na Delegacia de Planaltina de Goiás, a filha de Eurípedes afirmou que sua relação com o pai começou a ficar “conturbada” em 2017, quando ele se separou da mãe. Segundo relatou aos policiais, o político “parou de pagar sua faculdade e a demitiu do serviço”.
Em decorrência do episódio, os dois não se falaram por um ano, mas voltaram a ter contato em 2018. Nesta quarta, o presidente do Pros teria procurado a jovem pedindo que ela fosse à sede do partido, pois “precisava do carro dela e iria lhe pagar R$ 15 mil pelo veículo”.
A vítima narra que não aceitou a proposta do pai e, “para não brigar, se levantou e saiu”. Eurípedes, então, conforme consta no depoimento, teria tomado a chave da mão da filha e “passou a lhe dar tapas e pontapés”.
As agressões não teriam cessado nem quando ela conseguiu entrar no carro. Neste momento, Eurípedes a teria puxado do veículo e a jogado no chão.
A violência foi atestada em relatório médico solicitado pela Polícia Civil goiana. No documento, o médico legista afirma que a vítima apresentava “marcas de dente (duas) e edema em quadril direito”. A polícia está à procura do presidente do Pros, que, até a última atualização deste texto, era considerado foragido.
Em nota, a defesa de Eurípedes Júnior nega que ele estivesse foragido e credita a denúncia a adversários políticos. Os advogados classificaram o episódio como “um lamentável incidente familiar”.
“Eurípedes financiou um carro para a filha que se comprometeu a ir pagando as prestações restantes. No entanto, em razão da filha não ter pagado nenhuma das prestações, o pai a chamou para conversar e decidiu retomar o carro. Depois de perder o carro, a filha procurou a delegacia para registrar o fato em desfavor do próprio pai. É lamentável que um pai ao buscar corrigir a filha, tenha um conflito familiar exposto na imprensa”, disse a defesa.
Polêmicas
Eurípedes Júnior já foi alvo de outro mandado de prisão, em 2018, e chegou a se entregar à Polícia Federal, mas se beneficiou da lei eleitoral, que impede prisões às vésperas ou no dia das eleições. Ele era investigado por desvio de dinheiro da Prefeitura de Marabá (PA).
Também há indícios de que o presidente da legenda tenha agido para destruir provas da compra de um avião com recursos da Saúde destinados pela União ao município de Marabá, no interior do Pará.
A diligência tinha como alvo um suposto esquema de desvio de montante superior a R$ 2 milhões em contratos da prefeitura para compra de gases medicinais em Marabá. Parte dos valores teria sido destinada à aquisição de uma aeronave por João Salame Neto, ex-prefeito da cidade.
A polícia constatou, conforme o pedido de prisão dos investigados, que João Salame seria o elo entre todos os alvos. E que a tentativa de pagamento de R$ 400 mil por Eurípedes Júnior, através das contas do Pros, teve como finalidade simular que a legenda tivesse comprado legitimamente a aeronave.
Essa não é a única polêmica envolvendo Eurípedes e aeronaves. Em 2015, o partido usou R$ 2,4 milhões do Fundo Partidário, dinheiro público, para adquirir um Robinson R66 Turbine, prefixo PP-CHF. O helicóptero foi comprado à vista.
Na época em que a aquisição veio à tona, deputados do próprio partido criticaram o comando da sigla. “Isso é um absurdo. Como pode usar dinheiro público para comprar helicóptero só para vir de Planaltina de Goiás para Brasília?”, queixou-se o então líder da bancada do Pros na Câmara, Domingos Neto (CE), atualmente no PSD.
Além do helicóptero, o Pros possuía um avião adquirido em 2014 para auxiliar no deslocamento dos integrantes do partido. A compra do bimotor, inclusive, virou alvo da Operação Partialis, deflagrada pela Polícia Federal e Receita Federal.