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‘Não consigo reconhecê-la’, diz irmão de empresária

‘Não consigo reconhecê-la’, diz irmão de empresária

De acordo com Rogério Perez, a irmã está com diversas fraturas provocadas pelo espancamento. Apesar disso, ela deve deixar o CTI ainda nesta segunda-feira e ser transferida para um quarto

Rogério Perez, irmão de Elaine Perez Caparroz

Rogério Perez, irmão de Elaine Perez Caparroz – Fotos de Estefan Radovicz / Ag

Rio – Com mais de 40 pontos na boca, hematomas provocados pelos socos e chutes no tórax, Elaine Caparroz está irreconhecível. Assim define o irmão da empresária, ao chegar nesta segunda-feira no hospital Casa de Portugal, no Rio Comprido, onde ela está internada. A empresária foi espancada ao longo de quatro horas, na primeira vez que encontrou o agressor Vinícius Serra pessoalmente.

“Cada vez que eu vejo a minha irmã eu não consigo reconhecê-la. Aquela pessoa que está ali desfigurada não representa, diretamente, a fisionomia da minha irmã. Ele deixou a minha irmã numa situação que eu a não reconheço. Toda vez que eu chego lá para visitá-la eu fico chocado. Não tem como se acostumar como ela ficou”, desabafa Rogério Perez, 44 anos.

De acordo com Rogério Perez, a irmã está com diversas fraturas provocadas pelo espancamento. Apesar disso, ela deve deixar o CTI ainda nesta segunda-feira e ser transferida para um quarto do hospital.

depois – reproduções

“Ela teve um problema de pulmão, de creatina por insuficiência renal, e tem múltiplas fraturas no rosto. Ela está muito abalada e traumatizada.Estão averiguando se ela tem edema cerebral, mas parece que não tem. Mas tem várias fraturas, de face, nariz, globo ocular, maxilar, dentes, fronte, trauma de pulmão, insuficiência renal. Ela está muito ruim”, falou o irmão.

Vinícius Batista Serra, autor da agressão, deu nome falso na portaria ao chegar acompanhando a vítima. Segundo Rogério Perez, irmão da vítima, ele se identificou como Felipe, conforme consta no controle de acesso ao condomínio na Barra da Tijuca, na Zona Oeste, com registro de entrada às 22h30. Ele foi preso em flagrante e indiciado por tentativa de feminicídio.

Vinícius Serra deu o nome de Felipe ao passar pela portaria do condomínio onde mora Elaine Padarroz. Ele espancou a empresária enquanto ela dormia – Arquivo Pessoal

“Fui conversar com o porteiro e ele (Vinícius) afirmou que se chamava Felipe. Tem imagens e protocolos que mostram o nome dele como Felipe na entrada do prédio. É preciso ser averiguar porque se deu um nome falso. Será que ele tinha intenção de fazer algo? Como um surto dura quatro horas?”, questiona o programador. 

Relação pelo Instagram há oito meses

Rogério conta que a irmã conheceu Vinícius através do Instagram. Eles conversavam de forma esporádica, mas com o tempo foi se criando uma confiança por parte dela. Neste fim de semana, enfim eles decidiram se conhecer pessoalmente. 

“Ela se sentiu segura em convidar para ir a sua casa. No dia, como ficou muito tarde, ele pediu para dormir na casa dela e ela deixou. Quando foram dormir, ela disse que pediu para que ele deitasse no seu peito. Uma situação normal de carinho e todos têm esse direito. Quando foi 1h30 as agressões gratuitas começaram. Era a primeira vez que eles se encontravam”, narra ele.

“Ele era um esportista, ela acompanhava as coisas que ele fazia pelo Instagram, conhecia outras pessoas que conheciam ele. Ela se sentiu à vontade de conhecê-lo pessoalmente. Ela me falou que era um cara tão legal, que comprou queijos e vinhos para eles conversarem, que ele foi muito social. Há um ano ela estava sem ninguém, seria uma chance de conhecer alguém legal. Se tivesse relacionamento duradouro, para ter toda essa bagagem de ódio, mas não. Foi o primeiro encontro”, falou. 

Segundo o programador, toda a família está abalada. “O meu esforço é cuidar da minha irmã e fazer com que esse cara fique preso. Ele não pode e não tem condições de conviver em sociedade. O filho da minha irmã está nos Estados Unidos e está vindo. Ele está muito abalado com tudo isso. É uma situação chocante. Meu pai é cardíaco, minha mãe está traumatizada”, concluiu, dizendo que a irmã vive no Rio há 20 anos, vinda de seu estado natal, São Paulo.

Sem antecedentes criminais 

De acordo com a delegada Adriana Belém, titular da 16ª DP (Barra da Tijuca), o bacharel em direito Vinícius Batista Serra não tinha anotações criminais até o dia do crime. Ao DIA, a delegada disse que ficou perplexa com as agressões praticadas pelo homem.

“Vamos esgotar os esforços para enviar à Justiça todos os indícios que precisam para mantê-lo na cadeia”, disse Belém. O DIA apurou que a Polícia Civil fará uma nova perícia na casa de Elaine. Belém já requisitou as imagens de câmeras de segurança que podem mostrar a chegada e saída de Vinícius no condomínio.

“Já foram requisitadas e aguardamos as imagens. Vamos aguardar a Elaine melhorar para fazermos uma nova perícia em sua casa e colhermos seu depoimento. Queremos que ela nos explique o que houve, já que há indícios de luta — pela quantidade de sangue encontrado na casa”, disse Belém.