Foram ao menos 11.197 óbitos provocados pelos homens da lei no período, mais do que a polícia norte-americana matou ao longo de 30 anos
Os policiais brasileiros mataram, entre 2009 e 2013, uma média de seis pessoas por dia pelos ruas do país.
Foram ao menos 11.197 óbitos provocados pelos homens da lei nesses cinco anos, mais do que a polícia norte-americana matou ao longo de 30 anos (11.090).
Os dados fazem parte do mais recente levantamento do Fórum Brasileiro de Segurança Pública e compõe o 8º anuário de segurança pública produzido pela ONG.
Ainda de acordo com o levantamento, a tropa mais letal do país está no Rio de Janeiro, seguido por São Paulo e pela Bahia. Embora continue liderando o ranking de letalidade, o que ocorreu em quase todos os anos pesquisados, a polícia fluminense reduziu para menos da metade a quantidade desse tipo de homicídio.
Em 2009, os homicídios no Rio provocados por policiais em serviço chegaram a 1.048 registros: 54% de todas as mortes praticadas pela polícia do país naquele ano.
Já em 2013, esse número caiu para menos da metade, com 416 registros, o que representa 20% das mortes em intervenção policial. Em 2012, chegou a ficar atrás de São Paulo. Os policiais cariocas mataram 419, enquanto os paulistas mataram 583.
Em 2012, a PM paulista enfrentou uma guerra não declarada com o crime organizado (com baixas dos dois lados) o que elevou os índices de homicídio em todos os tipos.
Para a diretora-executiva do Fórum, Samira Bueno, a melhor notícia do anuário é a redução dos números no Rio. “A única notícia boa desse cenário são os dados cariocas. Desde a implantação das UPPs, o Rio tem tido uma redução expressiva de letalidade. A única notícia boa desse cenário extremamente triste. Seis pessoas mortas por dia é muita coisa”, disse ela.
São Paulo até poderia receber elogios semelhantes, já que as mortes por intervenção policial caíram de 566 para 364 em cinco anos (queda de 36%). Esse bom desempenho acaba eclipsado pelo aumento de quase 40% dos homicídios praticados por policiais no horário folga.
Não é possível a evolução desse tipo de homicídio no Rio de Janeiro porque lá, assim como outros Estados, não existe um controle estatal.
A maioria dos Estado não tinha, até pouco tempo, controle ao menos das mortes praticadas por policiais de serviço. Apenas 11 das 27 unidades federativas conseguiram apresentar essa contabilidade solicitada pelos pesquisadores do fórum. “A maioria das polícias do país não tem a prática de fazer acompanhamento na letalidade policial. Há uma subnotificação. Sabemos que é bem maior do está registrado.”