Vinte e nove bilhões de reais. Esse é o tamanho do rombo estimado provocado pela corrupção em esquemas investigados pela Polícia Federal nas operações especiais realizadas somente neste ano. O valor seria suficiente, por exemplo, para construir 6 mil Unidades de Pronto atendimento, UPAS do tipo 3, com capacidade de atender 350 pacientes por dia.
O levantamento foi feito pela CBN com base nas informações oficiais divulgadas no site da corporação e não leva em conta os desvios da Lava-Jato. Segundo a pesquisa, as fraudes em benefícios previdenciários do INSS são as que contabilizam o maior número de ações da Polícia Federal. Foram pelo menos 27 até outubro, segundo dados do portal da PF. Somente este tipo de esquema, causou um prejuízo estimado de R$ 500 milhões aos cofres públicos.
O ex-ministro chefe da Controladoria-geral da União (CGU), Jorge Hage, afirma que num momento em que o governo discute propostas para a reforma da Previdência também deveria melhorar os mecanismos de controle do INSS para estancar a sangria do dinheiro reservado a pagar os aposentados.
“É claro que ninguém vai imaginar que isso possa substituir a necessidade de reforma de alguns aspectos da Previdência. Agora, não há nenhuma dúvida de que o governo poderia e deveria investir muito mais em equipar e preparar os órgãos de controle. De modo que não tenha dúvida, que um investimento maior nisso, aprofundando o controle, geraria uma economia geometricamente muito maior do que isso custaria”, disse Hage.
O presidente da Associação dos Delegados da Polícia Federal, Carlos Sobral, afirma que, apesar de surpreendentes, os valores investigados poderiam ser maiores se a corporação tivesse um efetivo adequado. Ele cita, por exemplo, o período da Olimpíada, em que várias operações ficaram paradas porque delegados e agentes tiverem que ser deslocados para trabalhar na segurança dos Jogos.
“Temos hoje 491 cargos vagos, já se aposentaram e já saíram da Polícia Federal, e mais 400 que vão se aposentar nos próximos três anos. Se não realizarmos concurso agora em 2017, nem em 2020 a gente vai conseguir recompor esses quase mil cargos de delegados vagos, que nos levará ao efetivo que a gente tinha nos anos 2000”, afirma Sobral.
A Polícia Federal diz, no entanto, que o número de operações especiais vem aumentando ano a ano. Em 2011, foram realizadas 252. Em 2015, foram 516, e este ano, até outubro, já foram 490. A média é de duas operações especiais por dia.
O diretor da PF, Leandro Daiello, diz que mais do que aumentar a quantidade de operações a corporação está empenhada em melhorar a qualidade da investigação.
“Mais do que a quantidade, nós estamos preocupados com a qualidade da investigação. Ter um padrão de investigar, ter uma qualidade na produção da prova, para que não se cometam injustiças e para que se tenha a certeza de que aquelas pessoas investigadas e as provas produzidas, deixem claro do seu envolvimento, ou não”, disse Daiello.
Em valores totais, a Operação Greenfield, realizada em setembro, foi a que mirou o maior volume desviado: R$ 8 bilhões. É o valor estimado do prejuízo provocado nos quatro maiores fundos de pensão do país: Funcef (dos funcionários da Caixa), Petros (da Petrobras), Previ (do Banco do Brasil) e Postalis (dos Correios).
CBN